A Nau sobreviveu entre 1985 e 1989, com um trabalho calcado no pós-punk, blues e pitadas de heavy. Esse registro LP é bem interessante, o repertório era muito bom ao vivo, sobretudo pela performance da Vange. A banda foi um ponto de partida, impulsionou Vange Leonel (1963-2014), que passou à carreira solo em 1991.
01 - Vinho do Porto
Ana Maria Bahiana - Marlui Miranda
02 - No Pilar
Jararaca
03 - Pitanga
Capinan - Marlui Miranda
04 - Estrela do Indaiá
Xico Chaves - Marlui Miranda
05 - Olho d'água
Marlui Miranda
06 - Marimbondo
Xico Chaves - Marlui Miranda
07 - Grupo Krahó
Índios Krahó
08 - Acorda Maria Bonita
Volta Seca
09 - Herculano
Xico Chaves - Marlui Miranda
10 - Sodade meu bem, sodade
Zé do Norte
11 - Calypso
Geraldo Carneiro - Egberto Gismonti
Músicos
Grupo "Academia de Danças":
Zeca Assumpção, Zé Eduardo Nazário, Mauro Senise, Egberto Gismonti, Marlui Miranda
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"A família de Marlui Miranda sempre teve com a música uma relação de prazer. Sua mãe, sem nunca ter estudado ou mesmo tocado violão, foi quem afinou pela primeira vez o instrumento que Marlui havia ganho. Nesta época a família ainda morava em Fortaleza, onde Marlui nasceu em 1949. Quando tinha 5 anos, mudaram-se para o Rio de Janeiro, a partir de onde o pai, engenheiro, resolveu encarar o desafio de ajudar a construir Brasília. Era 1959.
Marlui começou a estudar violão no ginásio, em meio à efervescência cultural. Já na faculdade de Arquitetura, ela começou a freqüentar as reuniões que traziam à Brasília nomes como Jacob do Bandolim e Victor Assis Brasil. A música instrumental despertou em Marlui o gosto pela composição. O canto ficou escondido pela timidez. Apesar disso, em 68 ela ganhou o 1º prêmio como intérprete e compositora no Festival Estudantil da Universidade de Brasília. Marlui deixou a universidade e foi para o Rio disposta a viver de música.
Começou a cantar com Egberto Gismonti e através dele conheceu Taiguara, com quem viajou por todo Brasil fazendo shows como guitarrista do grupo que o acompanhava. Em meados de da década de 70 Marlui começou a estudar violão clássico com Jodacil Damasceno e Turíbio Santos. Passou a cantar e tocar violão com Jards Macalé e teve uma música sua, "Airecillos" , gravada por Ney Matogrosso no LP "Bandido".
Marlui também organizou, junto com o poeta Xico Chaves, o projeto "Circuito Aberto de MPB", realizado no Teatro Gil Vicente, Rio de Janeiro, e reunia novos artistas que tentavam vencer aqueles tempos difíceis de sufoco e censura dos anos 70. Depois de muitos shows como este, surgiu uma grande oportunidade: Marlui foi convidada pelo amigo Egberto a participar de seu grupo Academia de Danças. Foram mais de dois anos de excursões pelo Brasil, em apresentações onde Marlui cantava e tocava violão, percussão e cavaquinho.
Em 78 fez a sua primeira viagem a Rondônia e , em 79, lançou pela gravadora Continental seu primeiro LP, "Olho D'água". Gravado e mixado em apenas uma semana, o LP foi saudado com grande entusiasmo pela crítica. O ano seguinte foi uma maratona de shows pelo Brasil e um desejo de se aprofundar no conhecimento da música indígena , uma necessidade de pesquisa e reflexão.
Em 81, em companhia de seu companheiro, o fotógrafo Marcos Santilli, Marlui partiu para uma viagem de seis meses pelo rio Guaporé, Mamoré, Pacas Novas e tantos outros, todos em Rondônia, numa cuidadosa pesquisa e documentação de hábitos e músicas de índios e seringueiros, estabelecendo uma relação de objetividade com a natureza do lugar. Observando a relação do homem com aquele meio, Marlui aprendeu na prática a relacionar os fenômenos locais como parte de um todo e passou também a sentir necessidade de preservar o repertório musical daquele povo.
De volta a São Paulo, onde já vivia desde 78, Marlui preparou, gravou e finalmente lançou em 83 o segundo LP "Revivência". Já em esquema independente, contando com sua própria produtora, "Memória Discos e Edições", "Revivência" foi o primeiro resultado deste contato de Marlui com um Brasil geralmente esquecido e entregue à própria sorte. O segundo resultado das andanças de Marlui e Marcos Santilli foi a produção do LP " Paiter Merewá", com músicas feitas e cantadas pelos índios Suruís, de Rondônia. Esse Lp foi lançado em 85 e antes disso Marlui esteve envolvida na composição das trilhas sonoras dos filmes "Jarí" de Jorge Bodanszki e "Povo da Lua, Povo de Sangue", de Cláudio Andujar.
No final de 85 Marlui entrou em estúdio para gravar " Rio Acima ", LP que traz canções que nos remetem mais uma vez a um vasto e desconhecido país chamado Brasil. Marlui ganhou uma bolsa da John Simon Guggenheim Memorial Foundation para continuar a desenvolver seu projeto de recriação da música indígena da Amazônia Brasileira. Antes de ser um compromisso de trabalho, trata-se da certeza de um prolongamento de prazer e alegria. Afinal, o único compromisso da música de Marlui Miranda é com a qualidade." Márcio Gaspar (trechos do encarte do disco "Rio Acima" de Marlui Miranda)
Lourenço Baeta - Xico Chaves/Consuelo de Paulo - Luiz Gonzaga de Paula
04-Espelho Cristalino
Alceu Valença - Folclore Alagoano
05-Azulão
Jayme Ovalle - Manoel Bandeira
06-Noite Cheia de Estrelas
Cândido das Neves
07-Na Pancada do Ganzá
Antônio Nóbrega - Wilson Freire
08-Jequitinhonha
Lery Faria - Paulinho Assunção
09-Lua Branca
Chiquinha Gonzaga
10-Portela na Avenida
Mauro Duarte - Paulo César Pinheiro
11-Riacho de Areia
Cantos dos Canoeiros de Pratápolis
Músicos:
Consuelo de Paula - Dino Barioni - Paulo de Tarso - Ari Colares - Mônica Thiele - Maria Diniz - Toninho Ferragutti - Cássia Maria - Tuca Fernandes - Elson Fernandes - Paulo Putini - Sylvio Mazzucca Jr.
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Mineira de Patápolis, Consuelo desde criança participou de Folias de Reis e Congadas e inicia a sua trajetória como cantora no início dos anos 1980. Este é o seu primeiro registro em disco, a cultura popular urbana se mescla ao repertório da cultura tradicional do campo, amalgamando-se com harmonia.
Jorge Gomes - Gordinho - Marcelo - Claumir - Beloba - Bira Haway - Esguleba - Wanderson - Paulão - Jorge Simas - Eduardo Neves - Mauro Diniz - Ivan Paulo
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Jovelina Pérola Negra (1944 - 1998), cantora e compositora carioca, batizada Jovelina Farias Belford, foi uma das grandes damas do samba. Como Clementina de Jesus, possuía uma voz forte e foi empregada doméstica antes de fazer sucesso artisticamente.
Gravou pela primeira vez 1985, foi pastora da Império Serrano e, fã de Bezerra da Silva, ajudou a consolidar o gênero pagode no seio do samba.
Destaco 33 Destinos de D. Pedro II, samba que dá o quadro da viagem da vida difícil do povo trabalhador em pleno Governo Collor.
Em entrevista à revista Época, por ocasião da reedição em CD no ano de 2010, ou seja, trinta anos depois do lançamento original em LP, Joyce tenta responder a seguinte maneira à questão sobre a longevidade desse trabalho:
É difícil responder. Quem o ouve, vai saber melhor que eu. O que posso dizer é que esse é um trabalho, um conjunto de músicas, encadeadas por uma linguagem feminina. Apesar de que eu já ter feito isso antes. Fiz no primeiro disco, em 1968, e a imprensa caiu de pau. Naquela época, você não podia ser mulher e falar como mulher nas músicas. Se fosse o Chico (Buarque) falando como mulher, tudo bem. Como Ruy Castro disse: “não parecia correto”. Em 1980, quando o Feminina saiu, esse tipo de música não era mais um escândalo. As canções desse disco, inclusive, já haviam sido gravadas antes por outros intérpretes. A Essa mulher já tinha sido nome do disco da Elis Regina um ano antes. Maria Bethânia gravou Da cor brasileira, Milton e Nana Caymmi gravaram Mistério. O fato de Clareana ter participado do Festival da TV Globo também ajudou para o sucesso do disco e me tornou mais conhecida.
De fato, esse conjunto de canções continua deveras atual, uma vertente da produção feminina, que se mantêm influenciando gerações de compositores de diversos estilos. Nos anos 1990 o LP era vendido a U$ 500 em Londres, ocupando as pistas por seleções dos DJ em voga.