L.C. Ramos - João Rebolças - Jorge Helder - Marcelo Bernardes - Wilson das Neves - Chico Batera - Don Chacal - Milton Nascimento - Aquiles - Magro - Miltinho - Ruy - Chico Adnet - Lu Medeiros - Nina Pancveski - Olívia Hime - Maurício Maestro - Lourenço Baeta - Fernando Gama
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Terra é um compacto de Chico Buarque, hoje raro, foi lançado em conjunto com o livro "Terra", do fotógrafo Sebastião Salgado, dedicado ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). O Livro e o CD foram lançados um ano após o massacre de Eldorado dos Carajás, quando 10 sem-terra foram executados a queima roupa e sete lavradores foram mortos por instrumentos cortantes, como foices e facões após o confronto com a PM, sob ordem do Governador Almir Gabriel, que ordenou o uso de força, inclusive para atirar contra os 1500 manifestantes que se encontravam na BR 155.
Duas das faixas são regravações. À época "Assentamento" e "Levantados do Chão" eram novidades, esta última, em parceria com Milton Nascimento, faz menção ao livro homônimo de José Saramago, o qual trás a história da luta pela terra em Portugal desde o final do século 19 até a Revolução dos Cravos em 1974.
01 - Luzeiro Almir Sater 02 - Esse mar vai dar na Bahia Hilton Acioly 03 - Planador Ely de Oliveira e Papete 04 - Xote da Meninas Luiz Gonzaga e Zé Dantas 05 - Todas as mulheres do mundo Papete 06 - Mimoso Ronald Pinheiro 07 - Pastorinha Chico Maranhão 08 - Chora viola Renato Teixeira 09 - Estradeiro Almir Sater - Paulo Klein 10 - Sobrados Papete Músicos Papete - Almir Sater - Carlão de Souza - Marcinho Werneck - capenga - Dudu Portes - Zé Gomes******************************
Papete, ou José de Ribamar Viana, nasceu em Bacabal MA em 1947. Iniciou sua carreira atuando como cantor na Rádio Gurupi em São Luís do Maranhão aos 13 anos de idade. Autodidata, dedica-se ao violão e percussão, o que o levará a acompanhar vários trabalhos musicais em shows e gravações como o de Rosinha de Valença, Marília Medalha, Hermeto Pascoal, Osvaldinho da Cuíca, Toquinho e Vinicius, Benito de Paula, Inezita Barroso, Diana Pequeno, Renato Teixeira, Almir Sater, César Camargo Mariano, Rita Lee, Sadao Watanabe, Angelo Branduardi, Andreas Wollenweider, Ornella Vanone e Alex Acuña, entre outros.
"Em 1974, participou do LP "Música popular do Centro-Oeste", lançado pela etiqueta Marcus Pereira. Gravou, pelo mesmo selo, o LP "Papete, berimbau e percussão". Em 1975, participou do Festival Abertura (TV Globo). Gravou, com a cantora Ornela, o disco "Uomini", premiado, em 1977, como Disco do Ano. Por esse trabalho, foi apontado pela critica italiana como o melhor percussionista do mundo." Fonte
Papete grava o LP Planador com uma ampla diversidade de estilos, alinhando perfeitamente a música nordestina e a viola caipira. A cópia do LP que possuo veio com um folheto datilografado e apócrifo que não sei se a acompanha originalmente (coisas da vida em sebo), mas reproduzo aqui, pois define bem seu estilo.
"Papete arrasta você para um universo de sons incomuns, luminosos ou sombrios, que lembram uma entrada pelos matos, um avanço em que o sol brinca de esconde-esconde, um serpentear de um riacho e, de repente, uma cachoeira.Manifesta sua força quando toca uma singela modinha, na beira da calçada, antes que a lua apareça ou quando participa de 'folia de Reis'.Fala, de perto à parcela de sangue selvagem de cada um, provoca um chacoalhar de sentimentos, surpreende você, confunde um pouco, depois lhe permite um enriquecimento da consciência. Pode ser uma 'brincadeira' bastante séria: 'Dou um doce a quem souber'... Reescreve um tempo para Papete, ouça-o várias vezes e você saberá"
Vandré é ícone dos enfrentamentos de artistas contra a ditadura militar. Sua produção musical é básica, assim como a poesia que fala da luta, da terra e dos sofrimentos do povo trabalhador (à moda dos stalinistas, sob égide das teorias estéticas do realismo socialista). Nacionalista, sectário diante da produção musical estrangeira, expressou musicalmente em 1968, ano do AI-5, o que foi tomado como convocatória para a luta armada. Vandré foi obrigado a se exilar. Passou pelo Chile foi à França e voltou ao Brasil em 1973. Hoje vive em São Paulo. Em entrevista no ano de 2010, declara-se desencantado com a produção musical feita depois daqueles anos, funcionário público aposentado, diz não ter motivação para dar continuidade à sua obra no Brasil.
Longe de atribuir ao Vandré responsabilidades políticas, essa humilde traça arrisca dizer que a luta armada foi um tremendo erro. A organização de grupos armados, na conjuntura da época, funcionou como uma armadilha, pois isolou uma vanguarda e levou ao sacrifício uma parcela significativa dessa geração, prato cheio para o aparelho repressivo. Isso se dá porque diversos grupos de origem (ou influenciados) pelo stalinismo fomentaram a luta armada sem se apoiarem na ação nos sindicatos e na resistência concreta da classe trabalhadora. "Esqueceram" um pressuposto marxista: a revolução será obra da classe trabalhadora. De qualquer forma a revolução é necessária, diante da barbárie implantada pelo capitalismo. Que "Aruera" inspire novas experiências! Que os crimes da ditadura militar sejam punidos!