André Geraissati - Cândido Penteado Serra - Ruy Saleme
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Um dia eu quis ser violeiro. Ficava horas tentando ultrapassar meus limites de autodidata. O tempo passou e esqueci quase tudo. Ficaram apenas as lembranças das rodas de vilão na fogueira, as poucas aulas de violão que se transformavam em papos amistosos sobre música com o paciente professor Schuman e a admiração pela música de gente como esta que compôs o D'Alma.
O Grupo D'Alma foi um trio de violonistas formado no final da década de 70 por instrumentistas de formação erudita e influência jazzística (André Geraissaiti, Ulisses Rocha, Rui Salene, Mozart Melo e Cândido Penteado integraram o grupo em momentos diferentes), ganhou a admiração da crítica especializada pelo apuro técnico e interpretativo. O primeiro disco "A quem interessar possa", lançado em 1979, impulsionou a carreira do grupo, que em seguida gravou outros discos e participou de festivais como o Festival Internacional de Jazz de São Paulo (1982) e o Free Jazz Festival (1986).
Eis o segundo LP solo de Ednardo. O nome do disco era para ser "do boi só se perde o berro", com o título diminuído na capa, restou o destaque para a palavra BERRO. Efeito de simplificação por conta da ação dos censores? Longe de ser uma lenda, o fato é que as composições de Ednardo vez ou outra foram alteradas por causa desses ditatoriais "coautores". Berro é uma verdadeira (e merecida) puxada de orelha contra a hegemonia musical exercida pelo eixo Rio-São Paulo. A faixa "Artigo 26" e "Padaria espiritual" são homenagens a um movimento literário que marcou época no Ceará do final do século dezenove. Destacamos "Passeio público", faixa que nos chama a prestar atenção em berros alheios.
Almir – Israel Semente Proibida – Ivson Wanderley – Paulo Raphael – Juliano – Marcio Vip Augusto – Zé Rodrix – Marco Polo
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Esse é o LP de estreia do Ave Sangria, à época formado por Marco Polo (vocais), Ivson Wanderley (guitarra solo e violão), Paulo Raphael (guitarra base, sintetizador, violão, vocal), Almir de Oliveira (baixo), Israel Semente (bateria) e Agrício Noya (percussão). Nesse registro ouvimos o apoio das teclas de Zé Rodrix (Cidade Grande - sintetizador) e Márcio Vip (Momento na praça - piano; Por que? - órgão; Dois Navegantes - sintetizador).
O grupo é um verdadeiro ícone do Rock Brasileiro setentista. Esse LP foi relançado em 1990 e, com impulso que a internet deu trazendo à baila materiais guardados em gavetas obscuras do tempo, não só foi reeditado em 2014, como impulsionou "novos" títulos do grupo em vinil e CD.
"Eles usavam batom, beijavam-se na boca em pleno palco, faziam uma música suja, com letras falando de piratas, moças mortas no cio. E eram muito esquisitos; "frangos", segundo uns, e uma ameaça às moças donzelas da cidade, conforme outros. Estes "maus elementos" faziam parte do Ave Sangria, ex-Tamarineira Village, banda que escandalizou a Recife de 1974, da mesma forma que os Rolling Stones a Londres de dez anos antes. Com efeito, ela era conhecida como os Stones do Nordeste.
"Isto era tudo parte da lenda em torno do Ave Sangria" - explica, 25 anos depois, Rafles, o ministro da informação do grupo. "O baton era mertiolate, que a gente usava para chocar. Não sei de onde surgiu esta história de beijo na boca, a única coisa diferente na turma eram os cabelos e as roupas." Rafles por volta de 68, era o "pirado" de plantão do Recife. Entre suas maluquices está a de enviar, pelo correio, um reforçado baseado, em legítimo papel Colomy, para Paul McCartney. Meses depois, ele recebeu a resposta do Beatle: uma foto autografada como agradecimento.
Foi Rafles quem propôs o nome Tamarineira Village, quando o grupo tomou uma forma definitiva, com a entrada do cantor e letrista Marco Polo. Isto aconteceu depois da I Feira Experimental de Música de Fazenda Nova. Até então, sem nome definido, Almir Oliveira, Lula Martins, Disraeli, Bira, Aparício Meu Amor (sic), Rafles, Tadeu, e Ivson Wanderley eram apenas a banda de apoio de Laílson, hoje cartunista do DP.
Marco Polo, um ex-acadêmico de Direito, foi precoce integrante da geração 65 de poetas recifenses. Com 16 anos, atreveu-se a mostrar seus poemas a Ariano Suassuna e a Cesar Leal. Foi aprovado pelos dois e lançou seu primeiro livro em 66. Em 69, iniciou-se no jornalismo, como repórter do Diário da Noite. Logo ganhou mundo. Em 70, trabalhou por algum tempo no Jornal da Tarde, em São Paulo, mas logo virou hippie, trabalhando como artesão na desbundada praça General Osório, em Ipanema. O primeiro show como Tamarineira Village foi o Fora da Paisagem, depois do festival de Fazenda Nova. Vieram mais dois outros shows, Corpo em Chamas e Concerto Marginal. A partir daí a banda amealhou um público fiel." (Wikipédia)
Zé da Flauta - Paulo Rafael - Antônio Santánna, Wilson Meireles
5 - Tema da Batalha
Paulo Rafael
6 - Fora de Órbia
Paulo Rafael
7 - Entardecer
Paulo Rafael
8 - Zé Piaba
Zé da Flauta
9 - Gôta Serena
Zé da Flauta
Músicos
Zé da Flauta - Paulo Rafael - Antônio Santánna, Wilson Meireles - Israel Semente - Sérgio Kyrillos - Lenine - Niltinho - João Lyra - Beto Saroldi - Chico Batera - Cacá - Adelson - Otonelson - Nenen Xavier - Márcio Miranda - Lula Côrtes - Guil - Luciano Pimentel - Tales
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Zé da Flauta passou pelo Quinteto Violado, está na base dos melhores discos do Alceu Valença ao lado do guitarrista Paulo Rafael. Esse LP, instrumental na maior parte, é uma reunião da cena musical recifense da época. Participam do disco o Lula Côrtes (criador de Paêbirú e Satwa), Luciano Pimentel (baterista Quinteto Violado) e o Lenine (em seus primeiros registros).
O disco é fantástido! Curiosamente, a única faixa não instrumental traz Lenine cantando "Zé Piaba", à la Jacson do Pandeiro. Além disso é muito bacana encontrar a instrumental "Sai uma mista", a primeira gravação do que viria a se chamar "Fé na Perua", cantada por Alceu em seu disco de 1981, o Cinco Sentidos.
12- Mulher nova, bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor (part. de Antônio Nóbrgega)
Otacílio Batista - Zé Ramalho
Músicos
Jorge Degas - Jurim Moreira - Márcio Miranda - Paulo Rafael - Firmino - Alceu Valença - Teca Calazans - João Batista - Zé da Flauta
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Esse é um LP produzido pelo Alceu Valença. Daí um tanto de explicação da presença de Paulo Rafael e Zé da Flauta, guitarrista e flautista de mãos cheias, componentes dos melhores registros do repertório de Alceu durante a década de 1970. Interessante também é a presença de composição da lendária banda Ave Sangria (Dois Navegantes), e da lavra poética e musical de seus componentes Marco Polo, Almir de Oliveira e do, já citado, Paulo Rafael.
01 - Ciranda da lua no mar Teca Calazans - Ricardo Vilas 02 - Estrela da canção Ricardo Vilas 03 - Aguaceiro Teca Calazans - Ricardo Vilas 04 - Triste tropical Ricardo Vilas 05 - Imagem moderna Ricardo Vilas 06 - Minoria Ricardo Vilas 07 - Povo daqui Teca Calazans 08 - Velha amizade Ricardo Vilas 09 - Desafio Ricardo Vilas 10 -As flores deste jardim Ricardo Vilas 11 - Caicó Folclore
Capixaba criada no Recife, Teca Calazans vem de família pernambucana e musical. Cantora desde que se entende por gente, começou, em Recife, sua carreira como atriz no Movimento de Cultura Popular. Foi nessa época que pesquisou as danças e folguedos da região. Em 1964, fez parte, com Geraldo Azevedo e Naná Vasconcelos, entre outros, do grupo musical e teatral Construção. A sua estreia no disco foi com uma seleção de cirandas, em 1967, num 45 rotações. Em 1968 foi para o Rio, onde trabalhou como atriz no Teatro Opinião e em programas de televisão.
Em 1970, viajou para a França, onde conheceu Ricardo Vilas, com quem formou a dupla Teca & Ricardo, que atuou no cenário artístico até 1981 e gravou cinco LPs. Com a dissolução da dupla, voltou ao Brasil e retomou sua carreira solo, principalmente como compositora, com músicas gravadas por Milton Nascimento, Gal Costa e Nara Leão, entre outros.
O LP "Povo daqui" é permeado por letras de forte conteúdo social, tendo como ponto de partida a cultura popular, com arranjos sofisticados e músicos de primeira, Teca e Ricardo, alternam-se nos vocais e nos brindam com canções como "Povo daqui", "Minoria", "Desafio" e "As flores deste jardim".
João Ricardo – Luli (Álbum: Secos & Molhados – 1973)
02 – Fala
João Ricardo – Luli (Álbum: Secos & Molhados – 1973)
03 - Toada & Rock & mambo & Tango & etc.
João Ricardo – Luli (Álbum: Secos & Molhados – 1974)
04 - Pedra de rio
Luli & Lucina (Álbum: Água do Céu – Pássaro – 1975)
05 - Aqui e Agora
Luli & Lucina (Álbum: Bandido – 1976)
06 - Bandolero
Lucina (Álbum: Feitiço – 1978)
07 - Me rói
Luli & Lucina (Álbum: Seu tipo – 1979)
08 - Napoleão
Luli & Lucina (Álbum: Sujeito estranho – 1980)
09 - Coração aprisionado
Luli & Lucina (Álbum: Sujeito estranho – 1980)
10 - De Marte
Luli & Lucina (Álbum: Ney Matogrosso – 1981)
11 - Napoleão
Luli & Lucina (Álbum: Ao Vivo em Montreux – 1983)
12 - Êta nóis
Luli & Lucina (Álbum: Destino aventureiro – 1984)
13 - Bugre (com Arrigo Barnabé)
Luli & Lucina (Álbum: Bugre – 1986)
14 - Bandolero
Lucina (Álbum: Ney Matogrosso Ao Vivo – 1989)
15 - Pedra de rio
Luli & Lucina (Álbum: As aparências enganam – 1993)
16 - Chance de Aladim
Luli & Lucina (Álbum: Olhos De Farol – 1999)
17 - O vira
João Ricardo – Luli (Álbum: Vivo – 2000)
18 - Napoleão
Luli & Lucina (Álbum: Vagabundo – 2004)
19 - Bandoleiro
Lucina (Álbum: Canto em qualquer canto – 2005)
20 - Fala
João Ricardo – Luli (Álbum: Beijo Bandido Ao Vivo – 2011)
21 - Êta Nóis
Luli & Lucina (Álbum: Êta nóis – 1984)
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Há tempos que o início da história musical de Ney Matogrosso se associa à sua amizade com Luli. A apresentação de Ney à trupe de João Ricardo, o famigerado Secos&Molhados, já vai longe na história da MPB (ou do rock tupiniquim!). E a relação da carreira de Ney com as composições de Luli e Lucina se estendeu por essas décadas desde 1973. Ney gravou e regravou com arranjos especiais 13 das mais de 800 composições da dupla. São tantas as gravações que dá um disco só delas, do mesmo modo como Ney cantou o repertório de Cartola e de Chico Buarque. Assim, cá está a deixa para compilar esses registros da obra de Luli & Lucina na voz de Ney, um "disco" que surge originalmente das prateleiras do nosso inconstante, mas longevo, Criatura de Sebo.
O grupo foi formado em 1997, para diversos eventos do Sesc. Com seu som propõe o encontro do mundo contemporâneo com o tradicional. Esse primeiro disco da Orquestra Popular de Câmera foi vencedor do Prêmio Movimento em 1999. A reunião de músicos tão experientes e competentes resultou numa proposta musical de qualidade elevada.
1 - Abertura Cussy de Almeida 2 - Galope Guerra Peixe 3 - Ciranda armorial Jose Tavares de Amorim 4 - Nordestinados Cussy de Almeida 5 - Repentes Antonio Jose Madureira 6 - Terno de pífanos Clóvis Pereira 7 - Aboio Cussy de Almeida 8 - Mourão Guerra Peixe 9 - Pífanos em dobrado Jose Tavares Amorim 10 - Sem lei nem rei - 1º. Movimento Capiba 11 - Kyrie Cussy de Almeida 12 - Abertura Cussy de Ameida
Músicos
Cussy de Almeida Maestro e Arranjador Cussy de Almeida, Brigitta Fassi Fihri, Ricardo Bussi, Benjamin Wolkoff, Cristina Bussi, Samuel Gegna Violinos Frank Musick, Emílio Sobel
violas Marisa Johnson, José Carrion
cellos Silvio Coelho
baixo José Tavares do Amorim, Ivanildo Maciel da Silveira
flautas José Gomes cravo Henrique Annes
violão, viola sertaneja José Xavier da Silva
berinbal José Xavier da Silva, Antônio Revorêdo, Geraldo Fernandes Leite, Edilson Nóbrega da Silva
percussão
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O Movimento Armorial teve entre seus idealizadores, Ariano Suassusa e Cussy de Almeida. Com uma proposta de divulgar a arte nordestina na música, teatro, literatura e artes plásticas, a Arte Armorial Brasileira "é aquela que tem como traço comum principal a relação com o espírito realista e mágico dos folhetos do Romanceiro Popular do Nordeste, Literatura de Cordel, com a música de viola, rabeca ou pífano que acompanha seus cantares e com a xilogravura que ilustra suas capas, assim como o espírito e a forma das artes e espetáculos populares com esse romanceiro relacionados", dizia Suassuna.
A Orquestra Armorial de Câmara iniciada em 1969, estreou em 18 de outubro de 1970 na igreja de São Pedro dos Clérigos em Recife, data também do lançamento oficial do Movimento. Com uma sonoridade que traduz todo um sentimento de brasilidade nordestina, a música armorial se propõe a realizar uma arte brasileira erudita a partir de raízes populares, utilizando instrumentos típicos de nossa tradição musical que remontam o barroco do século XVIII, como a rabeca, a viola, o clavicórdio e a viola de arco.
Para maiores informações sobre o Movimento Armorial, leia o texto assinado por Suassuna, na contra-capa deste LP.
Grupo Um foi grupo brasileiro de música instrumental, criado pelos irmãos Lelo Nazário e Zé Eduardo Nazário em 1976, quando faziam parte da seção rítmica dos músicos que tocavam com Hermeto Pascoal. O Grupo Um começa a atuar em 1977, Marcha sobre a cidade é seu primeiro registro e entra para a história da música brasileira com extrema relevância. Calcado no Jazz, as experimentações rítmicas e melódicas são estimulantes construções que trazem também referências ao rock e à música brasileira. Decerto é um som para que gosta de ousadia, para quem deseja outras texturas, varações e desafios sonoros.
Dércio Marques - Zé gomes - Silvano - Elomar - Geraldo - Luiz Duarte - Paulinho Pedra azul - Quinteto Armorial: Antônio José Madureira, Edilson Eulálio, Antônio Carlos Nóbrega, Fernando Farias, Fernando Torres Barbosa.
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"Não é difícil vê-los, são feixes de longas folhas verdes que teimam em acompanhar as linhas dos trens, como a esperança que brota do abandono. Estão nos quintais sem cerca, nas ruas de pouco trânsito, nos fundos preguiçosos dos quintais de minas. Folha que a um só tempo é rebeldia e doçura, remédio dos despossuídos , erva teimosa que por mais que as pesadas rodas de ferro decepem, por mais que o sol seque, pode peerder a cor, mas, se fervida, não perde o gosto." Por Doroty Marques no encarte.
Doroty Marques tem seu primeiro LP "Semente" gravado em 1978. Em 1980, aparece com "Erva Cidreira", repetindo a dose de encanto, misturando as tradições da terra ao canto forte de quem sabe que a única solução para as mazelas do sistema de exploração do homem pelo homem é "Arreuni".
Doroty Marques e seu irmão Dércio Marques disputaram em 1997 o Prêmio Sharp de Música. Eles foram indicados na categoria música infantil pelo disco "Mojolear", uma produção independente que contou com a participação de mil crianças. Atualmente Doroty vive em São José dos Campos e desenvolve projetos artístico-educacionais, além de dirigir uma escola de arte para crianças carentes no Rio do Peixe, em São José.
Esse LP é um dos últimos que incluí em minha coleção. À época foi muito difícil achar esse e o LP Berro. Confesso que ao ouvi-lo inicialmente estranhei. Mas ao decifrar a poesia contestadora e as misturas entre tradição e experimentos, a criação provocadora de Ednardo me conquistou mais uma vez.
Trago esse disco para as nossas prateleiras próximo do aniversário de 70 anos (17 de abril) desse fabuloso músico cearense. Não pude evitar a piada pronta com uma faixa dessa lavra: hoje, mais ainda, é difícil não ter 18 anos. Sobretudo se quisermos fugir do destino de " boi mandingueiro", antecessor da "vida de gado" do paraibano Zé Ramalho.
01 - Pipoca moderna* Caetano Veloso e Sebastião Biano 02 - Outros sons* Arrigo Barnabé e Carlos Rennó 03 - Peiote** Paulo Barnabé 04 - Selvagem* Gilberto Mifune 05 - Brinco*** Arrigo Barnabé 06 - Coração de árvore* Robinson Borba 07 - Sonora garoa**** Passoca 08 - As time goes by*** Herman Hupfeld 09 - Begin the beguine*** Cole Porter 10 - Sol da meia-noite***** Sonny Burke - Leonel Hampton - Jonhy Mercer 11 - Febre de amor****** Lauro Maia 12 - A felicidade perdeu meu endereço****** Pedro Caetano - Claudionor Cruz 13 - Espanto Eliete Negreiros 14 - Fico Louco*** Itamar Assumpção 15 - Tudo Mudou* Arrigo Barnabé
Músicos
Arrigo Barnabé, Roney Stella, Sidney Borgani, Daniel Misiuk, Gil Jardim, João Cuca, Reyes Gil, Roardo, Mané Silveira, Téco, Xico Guedes, Dudu Tucci, Paulo Barnabé, Eliana Fernandes, Nonô, Farias, Otávio Fialho, Tonho, Hlena Akiko Imasato, Glauco Masahiro Imasato, Renato Lemos, Passoca, Odete Negreiros, Azael, Bozo Barretti, Betão Caldas, Regina Porto, Lelo Nazário, Rodolfo Stroeter, Biafra, Gilmar, Boccato, Manoel da Cuíca, Gilberto da Conceição, Irineu, A. Carlos, Ruriá Duprat, Baldo bersolato, Roberto, Táuri, Felix Wagner.
Arranjos: Arrigo Barnabé*, Paulo Barnabé**, Otávio Fialho***, Eliete e Passoca****, Lelo Nazario*****, Bozo Barretti ******
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"Cantora paulista, freqüentou o Conservatório de Música na infância, mas acabou formando-se em filosofia pela USP. Sem deixar de lado seu interesse pela música popular, viajou pelo México e Estados Unidos na década de 70, atuando como cantora de grupos de música brasileira. De volta ao Brasil, em 1982 lançou o LP "Outros Sons" pelo selo Vôo Livre, com produção de Arrigo Barnabé e estética voltada para a chamada "vanguarda paulista", movimento de que foi coroada musa por alguns críticos." Fonte
Embora a produção do Arrigo Barnabé seja muito marcante nesse disco, a participação de outros arranjadores e compositores tradicionais da música brasileira e do Jazz dão uma cara de busca com um pé no passado e outro no futuro. Ainda hoje soa ousado pela mistura da experimentação das fusões.
Destaco "Sonora garoa", uma moda do violeiro Passoca descrevendo a Metrópole, canção que tanto embalou minhas tardes no trabalho, ouvindo-a na programação Rádio USP dos anos oitenta.
Vidal França - Rainha das Águas DP/ Adaptação: Kátya Teixeira - Fernando Lona
8 - Meu Canarinho
Domínio Público
9 - Desejo
Kátya Teixeira
10 - Você vai lá pro sertão/ Língua Trovador
Eudes Fraga - Rafael Altério/ Domínio Público
11 - De Kekeke
Domínio Público
12 - Joaninha
Luís Perequê
13 - Estrela D´Alva
Domínio Público
14 - Tava Durumindo/ Candombe de Jequitibá
Domínio Público
15 - Tá Caindo Fulô/ Balainho De Fulô/ Adeus, Adeus/ Qu...
Domínio Público
16 - A Rosa Também Se Muda
Domínio Público
Músicos
Marquinhos - Cristiano R. T. Bicudo - Dércio Marques - Doroty Marques - Kodo - Pedro Sôssego -Ney Couteiro - Manoel Pacífico - Rodrigo y Castro - Samir - Carol - Mazé - Vidal França - Juh Vieira - Noel Andrade - Daniela Lasalvia - Carmem Pinheiro - Marcelo Pretto - André Venegas - Barbatuques - Fernando Barboza - Barbatuques - Thomas Rohrer - Stênio Mendes - Regina - Leandro - Crianças de Paracambi
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Lira do Povo é o segundo disco da Kátia Teixeira, que nesse álbum virou Kátya Teixeira. É um trabalho pautado pelas cantorias tradicionais Brasil a dentro. Pretende ser um retrato sonoro das vivências e pesquisas de Kátya em cinco anos de andanças por comunidades e mestres mantenedores das culturas populares. Esse trabalho tem a contribuição de músicos consagrados e mestres da cultura popular. Em 2005 o disco foi indicado ao Prêmio Tim de Música para as categorias de melhor cantora, melhor cantora de voto popular e melhor cd regional. Em nossa modesta opinião, Kátya Teixeira é uma das compositoras e intérpretes da música brasileira das mais vigorosas, autênticas, tão grandiosa como o legado cultural acumulado por nosso povo.
Com tantas recriações para o cancioneiro de Domínio Público presentes no disco, destaco uma composição da moça, faixa instrumental, definida assim nas palavras da autora: "desejo, nasceu do desejo de liberdade e paixão. Galope livre por essas terras tão desconhecidas e tão nossas..."
Refrão Folclórico - Versos adaptados por Vidal França
05 - Brincando de roda
Kátia Teixeira - Luis Carlos Bahia
06 - A Lua girou
Folclore BA - Adap. Zé do Norte
07 - Fonte Motriz
Kátia Teixeira
08 - Dia de festa
Irene Portela
09 - Nas teias da renda
Kátia Teixeira - Cátia de França - L. C. Bahia
10 - Passarinheiro
Jean Garfunkel - Pratinha
11 - Alagoano
Kátia Teixeira - Eliezer Teixeira
12 - Rebuliço
Seutônio Sarmento
13 - Anauê
Kátia Teixeira - Vidal França
14 - Chapada dos Guimarães
Renato Garcia
15 - Marianinha
Vidal França - João Bá
16 - Nove Luas
Ney Courteiro - Ekton Silva
Músicos
Cássia Maria - Cláudia Lemos - Daniela Lasalvia - Gabriel Levy - Laura Mac - Lincoln Makiyama - Marcos da Silva - Mazé - Ney Couteiro - Renato Garcia - Rodrigo - Vidal França - Yara Castro
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"Com o devido respeito, Vidal França e Kátia Teixeira entrosam-se perfeitamente. Uma unidade 'zen' de canto e arranjo. O arranjo (canta) e o canto insinua-se arranjo, justo, certo, preciso em unissidade com o devido silêncio. Kátia acompanha Vidal desde menina, nascida de um casal de músicos que se dedica à canção da terra e tem nome de flor do mato.A 'sincronincidência' aqui, dos dois seria inevitável. Digo: um plasmando e expressão do outro, numa lapidação de pura essência. É a simplicidade que Vidal obtém para transmitir a essência deste canto instintivo de Kátia; os timbres exatos dos instrumentos como extensão exata do timbre da voz.A voz, vozes, instrumentos, completam-se aqui, com uma unidade monolítica. Observe que voz e base completam-se num só brilho e emoção da voz que chama, por assim dizer, os timbres. Nada é desnecessário. Os instrumentos respiram com a voz.Assim como o canoeiro-remo-canoa complementam o rio, humanizam-no, a tríade Vidal-Kátia-sons humaniza as vibrações do ar.Kátia teria que 'nascer' Vidal (que entende o silêncio e o som em cada nuança), para serem ambos uma única alma expressiva desse canto terra." Dércio Marques - para o encarte do CD.
Dércio tem razão, esse canto é terra, caminho já trilhado por cantoras como Diana Pequeno e Marlui Miranda e que jamais se esgota. Basta prestar atenção, os sons que da terra emanam estão aí e permanecerão para arrebatar as novas gerações, na linha perene do tempo, como aconteceu com a bela Kátia Teixeira.
Destaco "Passarinheiro", canção gravada por muita gente, interpretação em que Kátia empresta seu brilho, tornando-a mais uma novidade.
Luciano Di Segni Gafanhoto - Adriana Maresca - João Geraldo - Cabral Lobato - Jorge Peña - Sérgio Chica - Edmund Raas - Kátia Guedes - Benjamim Gonçalves - Sérgio Henriques - Juan Rossi - Angelino Bozzini - João Maurício Galindo - Benedito Solano - Dinho Nascimento - Erivaldo - Brasa - Anan Maria Chamorro - A.C.
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Priscila Ermel é cantora, compositora, arranjadora e pesquisa etnomusicologia. Este é o seu primeiro LP, gravado de forma independente em 1985, tem composições muito bem trabalhadas e conta com arranjos e instrumentação muito sofisticados, além da intervenção de sons ambientais e tema indígena na faixa "Floresta".Em 1989 atuou como produtora musical do programa Bem Brasil e tem participação em diversas trilhas sonoras para cinema e TV.
Destaco a musicalização do poema de Cora Coralina, "Cântico da Terra", faixa que conta ainda com depoimentos de Cora gravados em 1983. O Homem Traça diz: ROAM!
Belchior, na verdade é Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes. Natural de Sobral (CE), nasceu em 26 de outubro de 1946. Cantou em feiras e poetou como repentista na infância. Foi programador de rádio em Sobral, depois, em Fortaleza, foi seminarista, estudou Filosofia e Humanidades. Abandonou a Medicina no quarto ano de estudos, em 1971, para se dedicar à música. Fez parte do agrupamento conhecido por Pessoal do Ceará, com Ednardo, Fagner, Rodger Rogério, Teti, Cirino, entre outros.
Até 1970 concorreu em festivais de música no Nordeste, em 1971, já no Rio de Janeiro, venceu o IV Festival Universitário da MPB, com a canção "Na Hora do Almoço", cantada por Jorge Melo e Jorge Teles. A mesma cancão de estreia em disco, a mesma que foi cantada por Fagner sem os devidos créditos no LP "Canteiros". Em São Paulo, compôs trilhas para curtas metragens.
Em 1972 Elis Regina gravou canção "Mucuripe", notabilizando Belchior nacionalmente. Mas foi atuando em espaços diversos como escolas, teatros, hospitais, penitenciárias, fábricas e televisão, que Belchior reuniu condições de gravar esse seu primeiro LP, hoje uma raridade de oferta cara na web.
O disco contém a raiz do Belchior que nos embalou nos anos 70 com a sua voz agreste, as letras reflexivas e sua inquebrantável rebeldia.