Kleiton Ramil - Kledir Ramil - Quico Castro Neves - Gilnei - Pery Souza - João Batista - Zé Flávio
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O Grupo Almondegas é um daqueles representantes do que se convencionou chamar de rock rural. Originário de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, tem o seu primeiro registro em LP no ano de 1975 após vencerem o I Festival Universitário da Canção Catarinense com a música Quadro Negro. O grupo passou a ser conhecido nacionalmente com a "Canção da Meia-Noite", faixa que integrou a trilha da novela Saramandaia (tema do lobisomem), levada ao ar pela TV Global com grande repercussão em 1976.
Circo de Marionetes é o último LP, embora já flerte com a MPB pop da futura dupla Kleiton & Kledir, trás também as caraterísticas dos discos anteriores, misturando a música regional sulista e o folck rock. Destaco a faixa que dá título ao disco, um convite à perseverança:
"Nós somos ásperos por força do hábito Trazemos o sangue muito quente Vivemos de migalhas, promessas e batalhas Estamos rindo de nervosos Cobertos de feridas num beco sem saída No entanto o coração palpita"
Vitorino - Cecília Barreira - Fausto - Fernando Gonzalez - José Luis Iglésias - José Niza - Quim Barreiros - Luis Duarte - Michel Delaporte - Ramón Galarza
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José Afonso considerava esse LP o seu melhor disco. Gravado em 1976, testemunha as vivências ímpares do período imediato à Revolução dos Cravos. Todas as faixas são composições de José Afonso e são registros das lutas do povo trabalhador, os seus impasses e acertos no período revolucionário, questões presentes ainda em nossos embates atuais.
"Há um momento em que o texto silencia para dar lugar ao canto. A representação e o drama transmutam-se em rito e lírica a verticalizar o espectador. Ao introduzir-se na peça, a música captura a palavra do texto e a faz girar como uma broca, afilando-se para dentro da terra e para dentro do céu. Aí fixado, esse eixo gira o mundo e dispõe nossas almas em uníssono, num redemoinho que concentra a vida e a projeta no êxtase da voz para o universo os deuses e o silêncio do futuro que nos escuta. Ao instalar-se o teatro, na rua ou no palco, o Coro já convida à comunhão entre os atores e a platéia, cuidando de renová-lo, através da música, por todo o espetáculo. O bumbo, o violão, a gaita, a flauta, o sax, o acordeão e o canto imantam as falas, a luz, o figurino e o cenário até fazê-los saltar do palco e ressoar na geometria interior dos ecos de seu público. Quando a cena final se desmancha e o Coro se vai, é através desses hinos que o teatro resiste no nosso imaginário, a invocar não só as cenas vistas como aquelas em que, num lampejo, prometemo-nos viver.
O Galpão não é um grupo musical. Faz teatro e é para prolongar esse teatro que ele produz este disco: nas suas músicas repercute o espetáculo visto e que não mais se repetirá. Ao ouvi-las o espectador modula as falas, refaz o cenário, intensifica a luz marca os gestos, recompõe os figurinos. Enfim, ele se dá em papel, passa a contracenar com o mundo e a dirigir a peça da vida que lhe cumpre encenar. Eis, em tuas mãos, o último instrumento do Coro: um sino, cujas badaladas criam em torno de si o redemoinho de acordes pelos quais se procura compassar a vida afora.
Por ele, este disco, o teatro do Galpão resiste e se entrega a ti. Aproveita-o: Romeu, Julieta e Cristo estarão, sempre a te ouvir." Cacá Brandão, no encarte do CD.
Em 1992 assisti o espetáculo"Romeu e Julieta" apresentado na praça da Sé, em São Paulo, e depois no palco do Teatro Municipal. Foi uma grande surpresa! Depois em 1994 assisti ao "A rua da amargura", mesmo sendo ateu, emocionei-me com a paixão da personagem, principalmente pelo empenho de homens e mulheres, que no palco descortinaram, através do trabalho, o seu exemplo de fé pela vida e pelo teatro.
As histórias são conhecidas e mesmo que você não tenha assistido essas montagens do Galpão poderá acompanhar a trama através das canções populares. Mas cuidado, eu sei de gente que chora desde 1993 quando ouve essas músicas. Prepare seu coração! Pra saber do grupo: Aqui!
Direção Artística de Produção e Estúdio - Ednardo Co-produção - Augusto Pontes Coordenação Musical - Rodger Rogério / Petrúcio Maia / Stélio Valle Assistentes de Produção Artísticas - Rogério Crato / Dudu Praciano Fotos - Gentil Barreira / Lise Torok / Francisco Régis Desenhos Gráficos - Brandão Arte - Vanda Alves Ferreira Direção de Arte - Géu
MÚSICOS
Arranjos e Regências - Grupais Violões - Ednardo / Rodger Rogério / Sid / Régis Soares / Stelio Valle / Lázaro Guitarras - Robertinho de Recife / Manassés / Gerardo Gondim / WillViolas - Manassés / Gerardo Gondim Bandolim - Zé Maia Teclados (Piano) - Ednardo / Túlio Mourão / Petrúcio Maia / Antonio Adolfo Alano de Freitas / Ferreirinha (Francisco Casaverde) Sanfona - José AméricoFlautas - Tarcísio / Renato NevesContra Baixos - Ife / Luiz Miguel / Ronald / LázaroBaterias - Tuti Moreno / Rui Motta / Elber Bedaque / Stone Percussões - Sérgio Boré / Zizinho Coro Massafeira - Ângela Linhares / Ana Fontelles / Mona Gadelha /Tânia Araújo / Teti / Zezé Fontelles / Marta Lopes / Ferreirinha / Lúcio Ricardo / Graco / Caio Silvio /Rogério Soares / Régis Soares / Stone / Vicente Lopes / Stélio Valle / Chico Pio / Wagner Costa / Sérgio Pinheiro /Alano de Freitas / Calé Alencar / Pachelli Jamacarú /Ednardo / Fausto Nilo / Rodger Rogério / Petrúcio Maia.
"Massafeira começou faz muito tempo, até bem antes do que quando se materializou em forma de um grande ajuntamento de som, imagem, movimento, poesia e muita, muita gente transando tudo isso, numa efervescência febril, bela e loucamente solta durante quatro dias. Era como se fosse o carnaval mudando de data e mais verdadeiro, março de 79/Fortaleza. De lá pra cá muita coisa aconteceu, inclusive o registro aqui de uma pequena porém significativa parte do que se cantou por lá. Esse espaço extremamente pouco para transmitir e transportar o que se guardou, maturou e explodiu num pique de energia, na cabeça de cada presente àquela alegria imensa. No espanto da descoberta que não se traduz, a mágica reza das palavras vestidas de canção na boca plural de todos nós, o chifre desse carneiro apontando o infinito do caminho e a certeza dessa força, motor da transformação e evolução plena, constante nesse imenso estoque de dias que o sol tem pra nascer, se pôr e nascer de novo." Texto da contra capa sem assinatura.
Massafeira é o nome de um grande movimento cultural ocorrido em Fortaleza em março de 79. Aconteceram show´s com vários artistas locais da época, inclusive o primeiro disco de Patativa do Assaré foi gravado ao vivo em uma das noites. Nesse disco Ednardo tem o registro de sua voz em quatro faixas apenas, mas os demais artistas, desconhecidos do grande público daqui, arrebentam com suas composições e interpretações ricas em criatividade e poesia. Batalhei muito por esse LP duplo, na época, parece que não houve lançamento dele aqui por São Paulo, portanto, o preço das cópias que circulavam em sebos era o que chamávamos de uma "facada"!
Destaco algumas curiosidades: "Vento Rei" foi regravada em 2002 pelo selo Palavra Cantada, sendo interpretada por crianças no Disco "Canções do Brasil" e está aqui a versão original "Pé de espinho", canção que guardo em meu repertório de "arranhador de viola".
Desde 2010, em comemoração dos 30 anos do lançamento do disco, o Massafeira está disponível em CD, mas falta na edição a faixa "Frio da Serra", uma exigência da herdeira de Petrúcio Maia. O mais Bacana ainda é que é acompanhado de um livro super bem produzido, cheio de ilustrações, textos dos participantes do movimento da época, tendo até espaço para uma monografia com muita informação. Quem quiser pode adquirir neste link.
Clementina de Jesus - Doca - Geraldo Filme - Papete - Djalma Correa - Don Bira
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Esse LP é uma pérola rara. Os cantos gravados apresentam 14 das 65 partituras registradas no livro "O Negro e o garimpo em Minas Gerais", de Aires da Mata Machado Filho, (Editora José Olympio, 1943). Raiz de toda sorte de gêneros da música popular brasileira, a matriz africana carece de muito mais registros como esse.
Este é o primeiro LP solo do Moraes Moreira, gravado em meio ao processo da sua separação dos Novos Baianos. A sonoridade roqueira, as misturas dos ritmos estão presentes, uma marca que o acompanhará por muito tempo da sua carreira. O trio que o acompanha é o embrião do que seria o grupo A Cor do Som, um petardo de grande valor. Embora o disco não tenha decolado, é um marco inicial da carreira solo do nosso, já saudoso, Moraes Moreira.