quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

América Morena - 1976 - Abílio Manoel

 

1 - América Morena
Abílio Manoel
2 - Menino de Olinda
Abílio Manoel
3 - O fado e o cravo de abril
Abílio Manoel
4 - Arca de Noé
Abílio Manoel - Halter Maia
5 - Voz passiva
Abílio Manoel - Halter Maia
6 - Terra livre
Abílio Manoel
7 - O circo vem aí
Abílio Manoel - José Gomes
8 - Amigo Hermano
Abílio Manoel - Halter Maia
9 - Tchica
Sergio Feres - Wilson Souto
10 - Dança do Sol
Abílio Manoel - Halter Maia
11 - Folclore Latino-Americano
Indios Alegres (Lucho Cavour) - Andina (A. Manoel - Darlan)

Participações especiais
Grupo Terra Livre - Grupo Greda Metiza de Lucho Cavour

Músicos
Abílio Manoel - Arrudinha - Ney - Claudio - Roberto Felenon - Beto - José Gomes - Halter - Sérgio - Walter Sanga - Sizão - Manoel Marques - Bolão - Demétrio - C. Alberto - Alain le Cour - Benito - Laro - Sbarro - Finelli - Ferer - Germano - Isquierdo - Tomazoni - Elias - Loriano - Michel - Dal Pino - Nadir - Buda - China - Ferrugem - Lucho Cavour - Cesar Junaro - Abdon Saravia - Jorge Gil - Mari - Wilson
 
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Abílio Manoel foi compositor, cantor, produtor musical e radialista. Nascido em Lisboa, Portugal, em 1947, imigrou com a família para o Brasil aos 8 anos de idade. O pai de Abílio fugira do regime fascista português, marcado pelo autoritarismo salazarista. Não era propriamente um militante de esquerda, fora denunciado apenas por não ser religioso. 

Abílio estudou física na Universidade de São Paulo no final dos anos 1960. É na efervescência de shows promovidos pelos estudantes e de festivais universitários de música popular que Abílio se aventurou com as suas composições. Ganhou destaque nesse contexto e, em 1967 participou do Primer Festival Latinoamericano de la Canción Universitária, realizado pelos estudantes da PUC do Chile, em Santiago. Esse episódio foi uma verdadeira saga, pois sendo cidadão português, com passagem só de ida, o jovem estudante demorou mais do que o esperado para chegar à Santiago. Mas o esforço rendeu o prêmio de melhor composição para a canção "Minha Rua". De volta ao Brasil, participou de programas de TV e ganhou notoriedade, oportunizando a gravação do seu primeiro LP, em 1968. Com canções românticas e sambas no repertório, à época, no início da carreira, havia comparações ao estilo de Chico Buarque. Deveras, as influências eram perceptíveis, mas como dizia Abílio sobre tal analogia: "era tão honroso quanto prejudicial".
 
Aqui temos o quinto LP de Abílio, dedicado, sobretudo, à musicalidade latino-americana. 
 
O movimento Nova Canção Latino-americana, marcado por contribuições de artistas chilenos, cubanos e argentinos, entre outros, influenciou a produção de brasileiros nesse período. Milton Nascimento, Dércio Marques e o Grupo Tarancón são ótimos exemplos dessa tentativa de reconexão com a cultura latino-americana e de furo ao cerco imperialista que nos separa de nossos vizinhos.  
 
Embora não tenha despontado nas "paradas de sucesso", esse LP pode ser considerado um dos precursores na perspectiva de estabelecer pontes entre a música brasileira e a dos demais países da América Latina. Exceção aos estilos presentes no repertório desse disco, a faixa "O fado e o cravo de abril" foi censurada pelo regime militar, pois é uma clara referência à Revolução Portuguesa, a Revolução dos Cravos, ocorrida em 1974.
 
Abílio Manoel produziu o programa radiofônico "América do Sol" entre 1977 e 1986. Era um ponto de encontro para conhecermos a música popular tradicional e a Nova Canção dos nossos hermanos. Para saber mais, leiam o artigo de Tânia da Costa Garcia, disponível aqui
 
Abílio faleceu em 2010.

O Homem Traça diz: ROAM!
 

O fado e o cravo de abril

6 comentários:

brasirudin disse...

Obrigado Homem Traça ... minhas favoritas foram: "o fado e o cravo de abril", "o circo vem aí" e pot pourri. Essa foi a saidera do ano?

Homem Traça disse...

Por nada, brasirudin!

Faz tempo que tenho esse álbum, mas nunca o ouvi com a devida atenção. Tomando contato com a história do Abílio, achei que caberia bem colocá-lo por aqui.

Não tinha planos de ser a última postagem de 2023, mas assim foi. Agora vamos iniciar os trabalhos do nosso 16º ano de Criatura de Sebo.

Grande abraço!

brasirudin disse...

estou animado! vou fazer o "top 10 criatura do sebo 2024" hahah

Homem Traça disse...

Maravilha, brasirudin!

Não sei se já contei, mas aqui não sigo muito uma lógica rígida. Vou postando o que ouço e gosto mais ou o que me parece curioso ao longo do tempo. Em geral, o que já tem mais de 10 anos. É interessante saber como isso chega aos ouvidos das pessoas que passam por nossas prateleiras.

Grande abraço!

Trebor disse...

I’m a bit late to the party but many thanks for posting this.

I listened to ‘Velho de Guerra’ (1973) almost a decade ago but didn’t really it enjoy it that much. As a result, I was apprehensive about ‘América Morena’ and it took a few listens to really sink in. I’m glad I persevered because it’s a pretty solid Portuguese album.

In addition to the Latin American folk music leaning, there’s definitely a Chilean folk music influence from the same period.

Happy New Year!


Trebor

Homem Traça disse...

Passei pelo mesmo processo, Trebor.

Feliz ano novo!