domingo, 4 de janeiro de 2015

Folia de Reis no Rio de Janeiro - 1981



Penitentes de Santa Maria
01- Marcha
02- Chegada Profecia Anunciação
03- Brincadeira do Palhaço
04- Despedida

João Lopes Israel (mestre)
José Diniz (Presidente)
Ronaldo Silva (Palhaço)

Estrela de Jacó Anunciada por Balaão
05- Chegada
06- Profecia Anunciação
07- Brincadeira dos palhaços
08- Despedida

José Moreira (Mestre)
Sandoval F. da Silva (Presidente)
Antônio S. de Oliveira (Palhaço)
João Vital da Silva (Palhaço)

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Esse Traça que vos escreve, tentando dar algumas pistas sobre os discos encaixados nessas prateleiras virtuais, nem de longe se arvora um brincante ou especialista na cultura tradicional. É por extrema admiração que entre um disco de rock, jazz ou MPB, também trago em minha coleção LPs da cultura tradicional. Embora hoje sejam mais fáceis de achar, penso que os registros são muito raros, nunca há gravação disponível o bastante para dar conta da imensa diversidade da cultural tradicional brasileira.

Embora meu ateísmo seja deveras arraigado, chamam-me atenção as diversas manifestações ligadas ao sagrado, seja de tradição afro, européia ou indígena, invariavelmente misturas ao cristianismo católico. A saudação ao nascimento de Jesus, por exemplo, tem nos dias 5 e 6 de janeiro grande fartura de manifestações de norte a sul do país, a  Folia de Reis é apenas uma delas.

Apesar das conformações religiosas, a tradição dos folguedos católicos se distingue por sempre flertar com a vida concreta (profana?). Notem que nos versos das brincadeiras de Palhaço tanto saúdam Jesus quanto criticam as condições difíceis da vida dos trabalhadores. Seja na forma (dança, canto, vestimentas, representação), seja no conteúdo há o germe libertário da inventividade popular. Arrisco a afirmar que isso tudo se contrapõe ao que exige o mercado, pois não há padrão e a criação segue se transformando viva: cada folia, cada palhaço, cada mestre têm a sua peculiaridade. Esse elemento é o que justifica a distância da indústria cultural, a qual, grosso modo, tende a padornizar o popular ao gosto das multinacionais, dos especuladores, tornando tudo semente estéril como as da Monsanto.

O Homem Traça diz: ROAM!



Brincadeira do Palhaço
Penitentes de Santa Maria