quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Elis & Elas - 1995 - Luli e Lucina

Postagem original: 26/08/2008



01 - Aquarela do Brasil/O bêbado e a equilibrista
Ari Barroso/João Bosco - Aldir Blanc
02 - Momento negro
Black is beautifil
Marcos - Paulo Sérgio Valle
Upa neguinho
Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri
Menino das Laranjas
Theo
Aruanda
Carlos Lyra e Geraldo Vandré
O morro não tem vez
Tom Jobim - Vinícius de Moraes
03 - Fascinação
F. de Marchetti e M. de Feraldy - versão: Armando Louzada
04 - Como nossos pais
Belchior
05 - Aos nossos filhos
Ivan Lins - Vito Martins
06 - Cartomante/Querelas do Brasil
Ivan Lins - Vitor Martins/Maurício Tapajós - Aldir Blanc
07 - Bala com bala
João Bosco - Aldir Blanc
08 - Nada será como antes
Milton Nascimento - Ronaldo Bastos
09 - Romaria
Renato Teixeira
10 - Saudosa Maloca/Casa no campo
Adoniran Barbosa/Zé Rodrix - Tavito
11 - Momento Elis
Redescobrir
Gonzaguinha
Águas de Março
Tom Jobim
Esse mundo é meu
Sérgio Ricardo
Até o sol raiar
Baden Pawell - Vinícius de Moraes
Cantador
Dori Caymmi - Nelson Mota
Maria, Maria (refrão)
Milton Nascimento - Fernando Brant
12 - Maria, Maria
Milton Nascimento - Fernando Brant
13 - Casa forte
Edu Lobo
14 - Essa mulher
Joyce - Ana Terra
15 - As aparências enganam
Tunai - Sérgio Natureza
16 - Momento mineiro
Ponta de areia
Milton Nascimento - Fernendo Brant
Cais
Milton Nascimento - Ronaldo Bastos
17 - Caxangá/Fé cega, faca amolada/Paula e Bebeto
Milton Nascimento - Fernando Brant/Milton Nascimento - Fernando Brant/ Milton Nascimento - Caetano Veloso

Músicos
Luli - Lucina - Karin Fernandes - Sheila Zagury - Augusto Matoso

Participações Especiais
Ney Matogrosso - Neti Szpilman - Badi Assad

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Logo que cheguei a São Paulo, meados dos anos 80, fui apresentado ao Centro Cultural São Paulo. Foi lá que vi essas moças pela primeira vez cantando Elis. Era parte da programação de uma semana especial. Esse CD só saiu dez anos depois do repertório já fazer parte de shows aqui e acolá. Aos arranjos especiais da dupla, com vocalises, violões e tambores, soma-se um teclado. As faixas em pout-pouri juntam um mesmo tema e o conjunto das canções dão conta de abranger a carreira da grande artista que foi Elis.

O Homem Traça diz: ROAM!




Aos nossos filhos

Benedito - 1983 - Bené Fonteles





01 - Benedito 
Bené Fonteles
02 - Na verdura do mar
Bené Fonteles
Voz: Luli e Lucina
03 - Dentro da nuvem
Bené Fonteles
Voz: Luli e Lucina
04 - Ellis
Bené Fonteles
Interpretação: Belchior 
05 - O som da pessoa 
Gilberto Gil - Bené Fonteles
06 - Exemplo da pedra 
Bené Fonteles
07 - O m 
Bené Fonteles
08 - Nau pantaneira 
Bené Fonteles
09 - Ao rei 
Bené Fonteles
10 - Há 
Bené Fonteles
11 - Aves e frutos 
Bené Fonteles
Voz: Tetê Espíndola 
12 - Aqui 
Bené Fonteles 
13 - N’aguai 
Bené Fonteles
14 - A chapada ensina 
Bené Fonteles
15 - Oração 
Bené Fonteles


Músicos

Luís R. Peres - Pier - Paulinho Oliveira - Luli - Lucina - Décio - Jorge Mello - Emílio - Egberto Gismonti - Belchior - Tetê Espíndola - Marco Bosco - Marcicano

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Bené Fonteles é, sobretudo, um artista plástico. Natural do Pará, Bragança, José Benedito Fonteles nasceu em 1953. Iniciou sua carreira em 1971, expondo no 3º Salão Nacional de Artes Plásticas do Ceará. Participou de quatro edições da Bienal Internacional de São Paulo (1973, 1975, 1977 e 1981). Seu trabalho como compositor está reunido no CD Benditos, lançado em 2003, que agrupa três trabalhos anteriores, Bendito (1983), Silencioso (1989) e (1991).

Nessa postagem trazemos o primeiro  disco, a primeira edição do  LP "Benedito", com as artes da capa e do belo encarte. Essa edição é rara, talvez por ser independente, é vendida a um preço alto até em páginas internacionais. Mas não é bem uma novidade transferida do LP para o MP3, há outros blog que já o postaram. Essa é só a versão do Homem Traça.

Cada faixa se dedica à poética da defesa da natureza, tema recorrente na trajetória de Bené. As performances mais emocionantes são as que registram as vozes de Luli e Lucina, de Tetê Espíndola e Belchior. Destacamos também a participação de Egberto Gismonti em "Om".

O Homem Traça diz: ROAM!



Na verdura do mar

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Inti-Raymi - 1973 - Arco Iris




1. Elevando una plegaria al sol
2. En nuestra frente
3. Maritimaria
4. La Pastora de los peces
5. Abran los ojos
6. Adonde iras, camalotal
7. Solo como el cardo
8. No quiero mirar atras
9. Elevando una plegaria al sol II (Inti Raymi)

Bônus
10. Soy un pedazo de sol
11. Llegó el cambio
12. El niño, la libertad y las palomas
13. Kukurico
14. La sabia verde 
15. Detrás

Músicos
Ara Tokatlián - Guillermo Bordarampé - Gustavo Santaolalla - Horacio Gianello  

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Esse é um disco é mais apoiado na música da cultura tradicional argentina, com pitadas de folk, rock e progressivo, o resultado é muito interessante.

O Homem Traça diz: ROAM!

No quiero mirar atras

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Arco-Íris - 1970

Postagem original: 22/01/2008



1 - Quiero llegar
2 - Hoy te mire
3 - Camino
4 - Coral
5 - Te quiero, te espero
6 - Luli
7 - Cancion de cuna para el niño astronauta
8 - Y una flor (el pastito)
9 - Tiempo
10 - Y ahora soy

Bonus track's
11 - Lo veo en tus ojos
12 - Cancion para una mujer
13 - Luisito, cortate el pelo
14 - Solo tengo amor
15 - Blues de dana
16 - Quien es la chica?
17 - Es nuestra la libertad
18 - Zamba

Músicos

Ara Tokatlian: Sopros
Guillermo Bordaram
: baixo

Gustavo Santaolall
: guitarra e voz

Horacio Gianell
: bateria e percussão


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Eu sou da opinião de que em matéria de música os argentinos mandam muito bem há tempos. Se ficarmos só com rock progressivo as minhas bandas prediletas na América Latina vêm da Argentina e sempre me deparo com coisas novas ou antigas que me sensibilizam demais.

Este é o primeiro disco da banda argentina "Arco-Íris". Ainda está longe de seus melhores álbuns, mas os elementos que mais tarde desenvolverão (blues, rock, jazz e o progressivo), em canções com uma recorrente influência folk, já estão presentes.

Ainda sem Gianello, com a colaboração de Alberto Cascino na bateria, os instrumentos habituais do Arco-Íris são flautas, sax´s e instrumentos de percussão experimentais, diversos do então rock argentino da época. Neste LP de estréia, na capa já se pode ver o símbolo que identificará a banda Arco-Íris (a chave de Dana) em todas suas produções.

O tango aparece aqui com uma modalidade nova, o Arco-Íris cita Piazzola na faixa “Quiero llegar”. As faixas bônus apareceram primeiro em compactos e, anos mais tarde, em compilações.

O Homem Traça diz: ROAM!

Tiempo


domingo, 9 de novembro de 2014

Nito Mestre Y Los Desconocidos De Siempre - 1977

Postagem original em 30/05/2009


01 - Y las aves vuelan
Nito Mestre - Leon Gieco
02 - El tiempo para descubrir el mal
Nito Mestre
03 - Tema de goro
Rodolfo Gorosito
04 - Juego de voces
Nito Mestre
05 - Mientras no tenga miedo de hablar
Nito Meste - Maria Rosa Yorio
06 - Fabricante de mentiras
Charly Garcia
07 - Los días de marzo
Nito Mestre - Leo Sujatovich
08 - Finalmente nos dejaron esperando
Nito Meste

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Esse disco eu comprei junto com o do Karma. Um cara estava querendo fazer grana pra comprar outro disco importado e me ofereceu barato. Até então eu não tinha ouvido falar de uns e outros. Depois viraram "discos de cabeceira".

Carlos Alberto "Nito" Mestre nasceu em 1952. Ele estudou flauta e participou de corais, no contexto da música clássica até os 13 anos, quando ouviu Beatles. No colégio, com Charly García, formou o Sui Generis, duo que existiu até 75.


Após um interessante trabalho de folk-rock com Gieco e Porchetta (PorSuiGieco), Nito chama atenção para um respeitável grupo de músicos.

Com o tecladista Cyrus Fogliatta (antiga Los Gatos), a banda foi completada pelo ex-gato também Alfredo Toth (baixo), Pratti Francisco (bateria), Leo Sujatovich (teclados) e Rodolfo Vangelispiu (guitarra). Um grupo experiente, cada um dos músicos tinham uma história e prestígio.

O disco é essencialmente um folk acústico, à moda de Crosby, Still, Nash & Young. Exceto para o "Tema da Goro", que é um rock, o resto são suaves melodias vocais com excelentes arranjos.

O Homem Traça diz: ROAM!

Los días de marzo

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Dançando Pelas Sombras - 1992 - Boca Livre




1 - Dança de ouro
Lourenço Baêta - Zé Renato
2 - Testamento
Milton Nascimento - Nelson Ângelo
3 - Gotham City
Capinan - Jards Macalé
4 - Cruzada
Márcio Borges - Tavinho Moura
5 - The first circle
Lyle Mays - Pat Metheny
6 - Zen vergonha
Aldir Blanc - Guinga
7 - Oriente
Gilberto Gil
8 - Nuvem Cigana
Lô Borges - Ronaldo Bastos
9 - Todos os Santos
Maurício Maestro - Joyce
10 - Nua
Fernando Gama
11 - Caxangá
Milton Nascimento - Fernando Brant


Músicos
Boca Livre: Ze Renato, Mauricio Maestro, Lourenco Baeta, Fernando Gama. 
Zé Renato - vocals, steel guitar
Fernando Gama, Mauricio Maestro - vocals
Marcelo Costa - berimbau, percussion
Zé Nogueira - soprano saxophone, keyboards
Marcos Suzano - tabla, pandeiro

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O Homem Traça diz: ROAM!



Gotham City

domingo, 12 de outubro de 2014

O Menino Poeta - Canções e Poemas - 1985 - Antônio Madureira




01 - Canção da Garoa
(Mario Quintana) 
Solange Maria e Coral infantil 
02 - Lenda do Céu
(Mario de Andrade) 
Irene Ravache 
03 - Arco Iris
(Ascenso Ferreira)
Solange Maria e Coral infantil
04 - Negrinho do Pastoreio
(Stela Leonardos)
Mirinha 
05 - Na Rua do Sabão 
(Manuel Bandeira)
Irene Ravache
06 - Bãobalalão do “Poema Quixote e Sancho de Portinari” 
(Carlos Drummond de Andrade) 
Coral Infantil 
07 - Canção de junto do Berço 
(Mario Quintana) 
Irene Ravache 
08 - Balada do Rei das Sereias 
(Manuel Bandeira) 
Mirinha 
09 - O Menino Poeta 
(Henriqueta Lisboa) 
Mirinha 
10 - Enchente
(Jorge de Lima)
Irene Ravache
11 - Canção da Chuva e do Vento
(Mario Quintana) 
Solange Maria e Coral Infantil 
12 - Nina-nana de engenho 
(Stela Leonardos) 
Mirinha 
13 - Cantiguinha de Verão
(Mario Quintana)
Irene Ravache
14 - Segredo
(Henriqueta Lisboa )
Solange Maria e Coral Infantil
15 - Historia para Criança
(Cassiano Ricardo)
Irene Ravache
16 - Estrela Polar
(Vinicius de Moraes)
Solange Maria e Coral Infantil


Músicos
Composições: Antonio Madureira 
Canto: Solange Maria 


Alain Robert André Laour: fagote
Antonio Carrasqueira: flauta 
Antonio Madureira: violão 
Décio Cascapera: piano 
Dirceu S.Medeiros: bateria 
Edson José Alves: Viola 
Heraldo do Monte: Bandolim – Viola 
João Parahyba: percussão 
Toninho Ferrgutti: acordeon 
Toniquinho: bateria 
Walter Ferreira Godinho: sax-baritono
Zygmunt Kubala: cello

Coral infantil
Vivi, Amanda, Érica, Elaine Cristina, Suely, Daniela e Andrezza

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Há discos que, não fosse o esforço de alguns abnegados impulsionadores de blogs, já teriam desaparecido da memória. Esse LP "O Menino Poeta", com poemas e canções de alta qualidade poética e musical, é um belo exemplo deixado pelo Blog Cantos e Encantos (especializado no universo infantil, infelizmente inativo desde 2011).

"Durante a realização dos discos “Brincadeiras de Roda, Estórias e canções de Ninar” e “Brincando de Roda”, produzidos pelo Estúdio Eldorado, tive oportunidade de me aproximar com maior intimidade do universo da música infantil brasileira. Ao mesmo tempo em que procurava um tratamento musical adequado para apresentar as canções, pensava paralelamente em recriar a poética e a música infantil, num trabalho posterior que enfocasse o imaginário ligado a essa mesma temática. Para tanto, vasculhei a obra dos grandes poetas modernos brasileiros em busca de textos que reinventassem o mágico e o lúdico da cultura infantil.

De uma ampla pesquisa resultaram 16 poemas e com estes imaginei um trabalho que, sendo também um disco para a criança, fosse principalmente um belo disco sobre a criança.

Com a minha vivência com a música elementar e minha experiencia de compositor, aventurei-me a musicar alguns destes poemas e criar um comentário sonoro para outros que fossem narrados pela atriz Irena Ravache, em boa hora indicada pelo Estúdio Eldorado.Dai nasceram melodias simples, muitas vezes calcadas nas cantigas do cancioneiro folclórico, tudo dentroda nossa tradição musical.
Este LP, “O Menino Poeta”, é uma sintese dos anteriores. É uma reflaxão sobre o mundo de alegria e poesia que está errante no inconsicente do sombrio homem dos nossos tempos.”
(Texto extraído da capa do LP, assinado por Antônio Madureira).

Destaco a canção "Estrela Polar", poema de Vinícius de Morais, interpretada por Solange Maria, uma preciosidade recheada com o encanto do coro infantil.

O Homem Traça diz: ROAM!



Estrela Polar

sábado, 4 de outubro de 2014

Piraretã - 1980 - Tetê Espíndola





01 - Piraretã 
Marcelo Ricardo - Tetê Espíndola
02 - Cunhatãiporã
Geraldo Espíndola
03 - Refazenda
Gilberto Gil
04 - Rosa em Pedra Dura
Geraldo Espíndola
05 - Melro (Black Bird)
McCartney - Lennon
06 - Tamarana
Paulo Barnabé - Arrigo Barnabé
07 - O Cio da Terra
Milton Nascimento
08 - Vida Cigana
Geraldo Espíndola
09 - Beija-flor
Geraldo Espíndola - Paulo Cesar Campos
10 - Viver Junto
Tetê Espíndola - Carlos Rennó
11 - Matogrossense
Carlito - Lourival dos Santos - Tião Carreiro
12 - Aratarda
Tetê Espíndola - Alzira Espíndola


Músicos

Tetê Espíndola - Almir Sater - Alzira Espíndola - Geraldo Espíndola - Sérgio Espíndola - Marcelo Espíndola - Arrigo Barnabé - Claudio Bertrami - Luiz Carlos Maluly - Zé Eduardo Nazário - Bira -Claudio Ferreira - Oswaldinho do Acordeon - Demétrio - Marília - Oscar Garcia - Germano

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Esse é o disco de estreia da Tetê. Depois de participar de experiências nas gravações e shows de Arrigo Barnabé, depois da produção familiar no Lírio Selvagem, Piraretã consolida a voz aguda e o estilo agreste, pantaneiro, rock e rural, que marcará a carreira dessa moça.

Nesse LP há regravações com arranjos lindíssimos como "Refazenda" e a versão da "Black Bird" dos Beatles, transformado num folck renomeado para "Melro". Curiosamente, registre-se, que a canção "Vida cigana" teve regravações em diversos estilos por outros intérpretes, nem sempre tão bacanas, passando pelo pagode e sertanejo. Bora descer o Rio Paraguai e cantar as canções que não se ouvem mais!

O Homem Traça diz: ROAM!



Cunhatãiporã

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Rompendo fogo - 1989 - Papete


01 - Rompendo fogo 
Wellington Reis
02 - Ana e a Lua 
Beto Pereira
03 - Chapéu de couro 
Manoel Pacífico-adapt:Papete
04 - Dua vidas, a história se repete 
Papete
05 - Mar-ilha, à uma moça que dança contra o vento 
Papete
06 - Na asa do vento 
João do Vale - Luis Vieira
07 - Flor do mal 
Cesar Teixera
08 - Cavala-canga 
Sergio Habide
09 - Boi moreno 
folclore do Nordeste
10 - "Urrou" do boi-Toada de Coxinho para o boi de Pindaré 
Papete
11 - Voz de Manuella, minha filha 
Papete

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O Homem Traça diz: ROAM!



Rompendo fogo 

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Terra - 1997 - Chico Buarque



1 - Assentamento
Chico Buarque 
2 - Brejo da cruz 
Chico Buarque 
3 - Levantados do chão
Milton Nascimento - Chico Buarque 
4 - Fantasia
Chico Buarque

Músicos
L.C. Ramos - João Rebolças - Jorge Helder - Marcelo Bernardes - Wilson das Neves - Chico Batera - Don Chacal - Milton Nascimento - Aquiles - Magro - Miltinho - Ruy - Chico Adnet - Lu Medeiros - Nina Pancveski - Olívia Hime - Maurício Maestro - Lourenço Baeta - Fernando Gama

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Terra é um compacto de Chico Buarque, hoje raro, foi lançado em conjunto com o livro "Terra", do fotógrafo Sebastião Salgado, dedicado ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). O Livro e o CD foram lançados um ano após o massacre de Eldorado dos Carajás, quando 10 sem-terra foram executados a queima roupa e sete lavradores foram mortos por instrumentos cortantes, como foices e facões após o confronto com a PM, sob ordem do Governador Almir Gabriel, que ordenou o uso de força, inclusive para atirar contra os 1500 manifestantes que se encontravam na BR 155.

Duas das faixas são regravações. À época "Assentamento" e "Levantados do Chão" eram novidades, esta última, em parceria com Milton Nascimento, faz menção ao livro homônimo de José Saramago, o qual trás a história da luta pela terra em Portugal desde o final do século 19 até a Revolução dos Cravos em 1974.

O Homem Traça diz: ROAM!

 

Assentamento

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Planador - Papete - 1981
Postagem original: 09/02/2008


01 - Luzeiro
Almir Sater

02 - Esse mar vai dar na Bahia

Hilton Acioly

03 - Planador

Ely de Oliveira e Papete

04 - Xote da Meninas

Luiz Gonzaga e Zé Dantas
05 - Todas as mulheres do mundo

Papete

06 - Mimoso

Ronald Pinheiro

07 - Pastorinha

Chico Maranhão

08 - Chora viola

Renato Teixeira

09 - Estradeiro
Almir Sater - Paulo Klein

10 - Sobrados

Papete


Músicos

Papete - Almir Sater - Carlão de Souza - Marcinho Werneck - capenga - Dudu Portes - Zé Gomes
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Papete, ou José de Ribamar Viana, nasceu em Bacabal MA em 1947. Iniciou sua carreira atuando como cantor na Rádio Gurupi em São Luís do Maranhão aos 13 anos de idade. Autodidata, dedica-se ao violão e percussão, o que o levará a acompanhar vários trabalhos musicais em shows e gravações como o de Rosinha de Valença, Marília Medalha, Hermeto Pascoal, Osvaldinho da Cuíca, Toquinho e Vinicius, Benito de Paula, Inezita Barroso, Diana Pequeno, Renato Teixeira, Almir Sater, César Camargo Mariano, Rita Lee, Sadao Watanabe, Angelo Branduardi, Andreas Wollenweider, Ornella Vanone e Alex Acuña, entre outros.

"Em 1974, participou do LP "Música popular do Centro-Oeste", lançado pela etiqueta Marcus Pereira. Gravou, pelo mesmo selo, o LP "Papete, berimbau e percussão".
Em 1975, participou do Festival Abertura (TV Globo). Gravou, com a cantora Ornela, o disco "Uomini", premiado, em 1977, como Disco do Ano. Por esse trabalho, foi apontado pela critica italiana como o melhor percussionista do mundo." Fonte

Papete grava o LP Planador com uma ampla diversidade de estilos, alinhando perfeitamente a música nordestina e a viola caipira. A cópia do LP que possuo veio com um folheto datilografado e apócrifo que não sei se a acompanha originalmente (coisas da vida em sebo), mas reproduzo aqui, pois define bem seu estilo.

"Papete arrasta você para um universo de sons incomuns, luminosos ou sombrios, que lembram uma entrada pelos matos, um avanço em que o sol brinca de esconde-esconde, um serpentear de um riacho e, de repente, uma cachoeira.
Manifesta sua força quando toca uma singela modinha, na beira da calçada, antes que a lua apareça ou quando participa de 'folia de Reis'. Fala, de perto à parcela de sangue selvagem de cada um, provoca um chacoalhar de sentimentos, surpreende você, confunde um pouco, depois lhe permite um enriquecimento da consciência. Pode ser uma 'brincadeira' bastante séria: 'Dou um doce a quem souber'... Reescreve um tempo para Papete, ouça-o várias vezes e você saberá"

O Homem Traça diz: ROAM!



Mimoso

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Canto Geral - Geraldo Vandré - 1968
Postagem original: 14/04/2013



01- Terra Plana
02 - Companheira
03- Maria Rita
04 - De serra de Terra e de Mar
05 - Cantiga Brava
06 - Ventania
07 - O Plantador
08- João e Maria
09 - Arueira
10 - Guerrilha

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Vandré é ícone dos enfrentamentos de artistas contra a ditadura militar. Sua produção musical é básica, assim como a poesia que fala da luta, da terra e dos sofrimentos do povo trabalhador (à moda dos stalinistas, sob égide das teorias estéticas do realismo socialista). Nacionalista, sectário diante da produção musical estrangeira, expressou musicalmente em 1968, ano do AI-5, o que foi tomado como convocatória para a luta armada. Vandré foi obrigado a se exilar. Passou pelo Chile foi à França e voltou ao Brasil em 1973. Hoje vive em São Paulo. Em entrevista no ano de 2010, declara-se desencantado com a produção musical feita depois daqueles anos, funcionário público aposentado, diz não ter motivação para dar continuidade à sua obra no Brasil.

Longe de atribuir ao Vandré responsabilidades políticas, essa humilde traça arrisca dizer que a luta armada foi um tremendo erro. A organização de grupos armados, na conjuntura da época, funcionou como uma armadilha, pois isolou uma vanguarda e levou ao sacrifício uma parcela significativa dessa geração, prato cheio para o aparelho repressivo. Isso se dá porque diversos grupos de origem (ou influenciados) pelo stalinismo fomentaram a luta armada sem se apoiarem na ação nos sindicatos e na resistência concreta da classe trabalhadora. "Esqueceram" um pressuposto marxista: a revolução será obra da classe trabalhadora. De qualquer forma a revolução é necessária, diante da barbárie implantada pelo capitalismo. Que "Aruera" inspire novas experiências! Que os crimes da ditadura militar sejam punidos!

O Homem Traça diz: ROAMROAM



Aruera

sábado, 30 de agosto de 2014

Trindade - 1993 - Marcus Viana-Carla Villar-Tavinho Moura




1 – Diadorado
Tavinho Moura
2 – Esperança manhã
Marcus Viana
3 – Debra/Trindade
Tavinho Moura – Fernando Brant
4 – Brasileira
Marcus Vianna – Fernando Brant
5 – Rio Doce
Tavinho Moura – Beto Guedes – Ronaldo Bastos
6 – Amigos
Marcus Vianna
7 – Saudade eu canto assim
Tavinho Moura – Murilo Antunes
8 – Amor selvagem
Marcus Vianna
9 – Gente que vem de Lisboa
Tavinho Moura – Fernando Brant
10 – Dois Corpos
Marcus Vianna – Murilo Antunes
11 – Passional
Marcus Vianna
12 – Cruzada
Marcio Borges – Tavinho Moura

Músicos:
Tavinho Moura - violão, viola, coro, voz
Belo Lopes - violão, coro
Marcelo Nebias - violão de orquestra
Carla Villar - coro, voz
Marcus Viana - voz, violino, piano, teclados, bandolim
Ivan Correa - baixo fretless, baixo
Augustó Rennó - violão, guitarra
Paulinho Carvalho - baixo
Nestor Santanna - acordeão
Claudio Faria - teclados, piano
Magrão - percussão
Firmino Cavazza - celo
Andersen Viana - flauta
Neném - bateria
Jairo Lara - flauta
Lincoln Cheib - bateria

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Este disco foi feito originalmente sob encomenda para uma empresa em 1993, um brinde restrito, no início da era das gravações em CD. O CD foi relançado em 2002, pois Marcus Viana, Tavinho Moura e Carla Villar construíram um disco muito bom, cheio de exemplos estimulantes da musica mineira, passando do tradicional ao progressivo. Vários arranjos se pautam pelos climas da trilha sonora da famigerada novela Pantanal e aos trabalhos do Sagrado Coração da Terra. Tavinho Moura marca a sua presença com suas composições, recheadas pelos sons das cordas de seu violão e de sua viola caipira. As parcerias com os músicos do Clube da Esquina como Beto Guedes, Fernando Brant, Marcio Borges entre outros, são marcantes. Carla Villar dá o toque final de suavidade às doces melodias que permeiam o disco. Há regravações de diversas canções consagradas, como Cruzada e Rio Doce, o que torna o disco mais uma pérola.

O Homem Traça diz: ROAM!

 

Cruzada

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Cida Moreyra Interpreta Brecht - 1988


Postagem original em 13/08/2009



1 - Moritat (Die Moritat von Mackie Messer)
Bertolt Brecht - Kurt Weill

2 -
Alabama-song
Weill - Brecht

3 -
Jenny dos Piratas ou sonhos de uma camareira (Die seeräuber-Jenny)
Weill - Brecht
- Vs: Cacá Rosset-Luiz Galizia
4 -
Moritat
5 -
Balada do soldado morto (Legende vom toten soldaten)
Kurt Schwaen - Bertolt Brecht
- Vs: Cacá Rosset
6 -
Moritat
7 -
Canção do vendedor de vinho (Das lied von branntweinhändler)
Weill - Brecht - Vs: Cacá Rosset
8 -
Surabaya Johnny (Das lied vom surabaya - Johnny)
Weill - Brecht
- Vs: Duda Neves-Silvia Vergueiro
9 -
Moritat
10 -
Benares-song
Weill - Brecht

11 -
Havana-Lied
Weill - Brecht
- Vs: Cacá Rosset
12 -
Moritat
13 -
Canção de Salomão (Salomo-Song)
Weill - Brecht
- Vs: Cacá Rosset-Luiz Galizia
14 -
Bilbao song (Das lied von Bilbao song)
Weill - Brecht
- Vs: Cacá Rosset
15 -
Balada dos piratas (Ballade von den seeräubern)
Kurt Schwaen - Bertolt Brecht
- Vs: Juarez Porto
16 -
Moritat
17 -
Em um berço tão dourado
Weill - Brecht
- Vs: Cacá Rosset-Luiz Galizia
18 -
Moritat

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Eu tinha essas gravações em arquivos extraídos precariamente de um LP há quase dez anos. Recentemente, uma amiga distante me pediu pra ouvir LP's antigos da Cida, pois teria um trabalho a fazer. Essa foi a deixa pra postar a Cida cantoratriz!

Soube que em breve sairá uma caixa com suas principais produções, tomara que seja verdade!

"Cantora e pianista paulista, Cida Moreyra começou sua carreira na década de 70, trabalhando em teatro e musicais. O primeiro disco, "Summertime", independente e ao vivo, foi lançado em 1981 com clássicos do blues e do jazz norte-americano, além da versão censurada de "Geni", de Chico Buarque. Desde então gravou outros LPs e CDs, alguns dedicados a compositores, como "Cida Moreyra Interpreta Brecht" e "Cida Canta Chico". Fonte

O Homem Traça diz: ROAM!



Balada do soldado morto

segunda-feira, 30 de junho de 2014



Homem Traça é entrevistado por Márcia Tunes 

para o Jornal Olho Vivo.


Homem Traça conta tudo sobre o "Criatura de Sebo"

Ele gostou muito de responder às perguntas; prolixo, tentou se conter, mas falou mais do que planejara.

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(Fotos: Divulgação)
Coleção: São cerca de 300 LPs, uns 500 CDs

e nem sabe quantos álbuns em mp3

O objetivo da série “Loucos por Música” é mostrar e valorizar o trabalho e a dedicação dos blogueiros em manter seus blogs, cultivando a informação e o entretenimento de qualidade, dando ênfase à diversidade, incluindo aí o conteúdo dos blogs que são dedicados à musica, seja por meio de resenhas, downloads, vídeos, rádio... Também dando destaque a suas coleções de música. Meu convidado de hoje é o Homem Traça, 44 anos, trabalha como faxineiro numa escola pública da periferia de São Paulo e nas horas vagas é um apreciador de artes e Malazartes. Prefere o anonimato e a vida singela de inseto, pois as luzes da fama ofuscam e dificultam a vida. Gostou muito de responder às perguntas, prolixo (reflexo da sua atividade profissional), tentou se conter, mas falou mais do que planejara. 
Márcia: Como e quando começou a escrever seu blog? Qual era o objetivo e esse objetivo permanece o mesmo ainda hoje? 
Homem Traça: Comecei no fim de 2007. Desde garoto eu quis ser DJ nas festas, programador de rádio ou alguma coisa assim. Quando o meu acesso à internet começou a ficar mais rápido e constante tomei conhecimento dos Blogs que partilhavam música e isso me mobilizou para construir o “Criatura de Sebo”. O meu objetivo era (e é) compartilhar o que eu gosto de ouvir, o que acho curioso e trabalhos de amigos. Os estilos que me interessam giram em torno da música brasileira, rock, rock progressivo, jazz e música tradicional (ou não) do mundo. 
Márcia: Quando começou já era “Criatura de Sebo” e por que escolheu esse nome? 
Homem Traça: O blog sempre teve esse nome. Foi escolhido para brincar com o hábito de frequentar lojas de discos usados. Em São Paulo, deixei muita grana em sebos como o Ventania e o Zé do Disco nos anos 1980/90. É dessa sangria mensal do meu salário e do contato com prateleiras cheias de vinis empoeirados que surgiu a ideia do nome. Consequentemente, daí também nasce o vulgo Homem Traça. 
Márcia: Como escolhe os álbuns para postagem? Suas escolhas são aleatórias? 
Homem Traça: Isso já variou muito. Tem a ver com as condições de tempo e conexão. Nos primeiros meses eu procurava postar quase que diariamente os discos que julgava raros, títulos da MPB e rock nacional dos anos 70. Essa intensidade toma tempo e, como qualquer trabalho, gera desgaste. Já fiquei sem conexão por meses e mesmo sem tempo livre para postar. Assim, hoje eu posto a partir do meu estado de espírito, diletante, de acordo com o que estou ouvindo no período. Eventos também me influenciam, a morte do Dércio Marques, por exemplo, me deixou extremamente triste, aí passei a postar um disco atrás do outro. 
Márcia: Já teve algum tipo de problema com gravadoras ou bandas ou teve álbuns deletados de provedores? 
Homem Traça: Nunca tive problemas com gravadoras, embora vez ou outra tenha algo deletado. Creio que nesses anos o Criatura de Sebo não ganhou a evidência de outros que caíram pelo caminho. O nosso número de postagens, acessos e mesmo os estilos não devem ter chamado tanta atenção como o Som Barato, o Abracadabra ou o Umquetenha. Espero que essa entrevista não mude esse quadro, prefiro as prateleiras cheias de pó à superexposição. 
Márcia: Você acredita que de alguma forma esteja prejudicando alguém com suas postagens, falando de direitos autorais? 
Homem Traça: Não sou eu quem prejudica os artistas e profissionais da música, os créditos estão dados na rede. Acho que, se há algum crime, esse é cometido pelas companhias telefônicas, portais e provedores, os quais vendem o acesso e a possibilidade de informação, mas não oferecem realmente o que prometem e nem pagam pelo que oferecem. Esses cartéis lucram bilhões, explorando os seus empregados, parasitando artistas e profissionais afins, os quais não recebem o que devem receber para viver. Creio que o acesso à formação e à informação é um direito básico da democracia, no entanto, ainda enfrentamos os obstáculos criados pelo sistema de propriedade privada dos grandes meios de produção (os reais piratas do trabalho alheio). Creio que tudo deveria ser de todos, pois emana da cultura acumulada pela humanidade. Os verdadeiros produtores (os trabalhadores) deveriam ter o poder para organizar tudo e receber o bastante para viver (engenheiro, pedreiro, músico, produtor, faxineiro com salários iguais!) com casa, comida, educação, saúde, lazer e muito ócio pra fazer amor, blogs e arte! 
Márcia: Qual é a importância de um blog dedicado à música? 
Homem Traça: Isso tem relação com a pergunta anterior. Eu passei a minha infância e adolescência esmolando informação e cultura. Ouvia música no rádio, consumia a programação permitida, mas buscava a “proibida” em programas especiais nos horários mais difíceis. Vivia ouvindo disco emprestado e fitas cassete gravadas aqui e acolá. Quando comecei a comprar discos (o meu primeiro LP foi "Vida", do Chico Buarque), só comprava o que o meu minguado salário permitia. Um ou dois discos por mês, anos a fio, dificilmente comprava um importado ou os raros. Hoje, aquela necessidade represada de informação tem a sua resposta em diversos blogs e sites, é uma delícia! É como mergulhar na piscina de moedas do Tio Patinhas! Esse maldito pato não pode nos impedir de ouvir música da África, de Portugal e de qualquer parte. Eu lembro que antes para ter o LP "Massafeira" era preciso “importar” do Ceará, pois não foi distribuído no Sudeste! 
Márcia: A maioria dos internautas não deixa comentários de agradecimento, mas quando querem reclamar ou pedir sabem usar os comentários, isso te irrita? 
Homem Traça: Não, isso não me irrita. Os comentários são bem esporádicos no blog. Gosto quando tem manifestações, mas não daria conta de responder sempre se houvesse mais comentários. Há, vez ou outra, alguma má criação que mantém um padrão, sempre respondo com bom humor. 
Márcia: Faz ideia de quantos álbuns já publicou no blog? 
Homem Traça: Cerca de 185 álbuns. 
Márcia: Acredita que haja competição entre certos blogs? 
Homem Traça: Creio que haja, mas isso não me interessa. Quando quero postar algo, até verifico se o disco não está muito batido, mas acabo postando assim mesmo. Sempre penso que é a minha prateleira que deve ser preenchida, com os meus discos, no meu ritmo, com o meu jeito de apresentá-los. 
Márcia: Sua coleção aconteceu por acaso ou desde o início você já sabia que era um colecionador? 
Homem Traça: Eu sempre quis ser colecionador. Lembro que o meu pai tinha uns 50 LPs e eu, quando eu era criança, achava que era uma coleção enorme. Mas, como já disse, nunca tive muita grana e a minha coleção ficou pequena. 
Márcia: Quando começou a colecionar? 
Homem Traça: Comecei aos 15 anos. 
Márcia: Sua coleção é de LPs, CDs, mp3 ou tudo junto? 
Homem Traça: Tenho cerca de 300 LPs, uns 500 CDs e nem sei quantos álbuns em mp3. Parei de contar faz tempo, por isso a imprecisão geral. 
Márcia: Sua coleção é só de rock ou outros gêneros podem entrar? 
Homem Traça: Minha coleção tem rock, progressivo, jazz rock, música instrumental brasileira, MPB. Há uma concentração na produção dos anos 70 e 80. 
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Márcia: Qual o LP/CD ou mp3 que considera o mais raro de sua coleção? 
Homem Traça: Não sei se tenho algo realmente raro. Acho que essa noção de raridade está ligada ao mercado. Eu tinha muita dificuldade em achar discos como o LP "Tudo foi feito pelo sol", dos Mutantes, ou o "Lírio selvagem", da família Espíndola, porque eram mandados para fora do país pelos donos de sebo (o lucro em dólar era maior). Foi bem difícil de achá-los, era um “mistério” o seu conteúdo. Com os relançamentos em CD e o mp3 não são tão raros como já foram. Assim é com tantos outros em mp3, que posso ouvir e nem tenho vontade de possuir fisicamente, o som já basta. Por outro lado, os vinis são os meus xodós, só passei a comprar CDs em 95 para preservar os LPs. Há criações gráficas magníficas que são bem difíceis de achar, como o LP de capa redonda do Gil (1972), ou o "Milagre dos peixes" do Milton com sua capa/retrato. Além desses, tenho em vinil o "Lotus", do Santana (um álbum triplo gravado em 73 e lançado em 75), dois álbuns do Banco Del Mutuo Socorro (72 e 75). Em CD destaco o "In a glass house, do Giantle Giant, com a caixa acrílica estampada para imitar o efeito de transparência obtido na capa original do vinil, ou uma caixa com os três primeiros álbuns do Jethro Tull, o "Stan up" tem até os bonequinhos que levantam quando se abre a capa. Há também os CDs do conjunto Música Antiga, editados pela Marcus Pereira, que pelos downloads e comentários devem ser raríssimos hoje. 
Márcia: E qual deles seria o mais estranho dentro da coleção? 
Homem Traça: O mais estranho vem de doações de coleções alheias, que eu não ouço e não tenho coragem de me desfazer, como um Ray Canniff ou um picture do Giliard. 
Márcia: Qual álbum deu mais trabalho para encontrar? 
Homem Traça: Eu passava horas garimpando de um sebo para outro, de uma loja para outra. Raramente entrava num lugar com uma ideia pronta do que comprar. A única certeza era do quanto poderia gastar. Foi muito difícil encontrar e obter "Amazônia vingadora", do Tarancón, o último vinil que adquiri desse grupo. Foi difícil comprar o primeiro CD do José Miguel Wisniki, cruzei a cidade, fui da Zona Leste à Oeste, quando fui ouvir o disco estava com defeito. Voltei à loja, mas o lojista me convenceu que era um defeito de fábrica. Fiquei com essa dúvida até hoje. 
Márcia: Ainda tem uma lista grande de discos que procura? 
Homem Traça: Não tenho uma lista específica, prefiro o acaso, que tem me reservado boas descobertas, nas prateleiras virtuais ou não. 
Márcia: Como costuma achar seus objetos de desejo? 
Homem Traça: Pelo oráculo Google e frequentando alguns sebos. Mas não compro tanto quanto antes, o espaço físico para uma coleção é também um limitador. Quando mudo de casa, sempre é um transtorno carregar as caixas pesadas de vinis e CDs. 
Márcia: Sua coleção é compartilhada no seu blog? 
Homem Traça: Sim, tenho compartilhado o que tenho. Os vinis que ainda não estão na rede passo para mp3, tiro um pouco do ruído, scaneio e trato as capas aqui em casa mesmo e posto. Isso leva um tempo considerável, faço aos poucos no meu tempo de folga, férias e momentos afins. 
Márcia: Pode citar algumas das raridades que tem em sua coleção?
Homem Traça: Remeteria a resposta à questão anterior com o mesmo teor, mas aqui vão mais algumas pérolas: o CD "Gereba Convida", com participação da finada Cássia Eller; o LP do Bacamarte, progressivo massa com a Jane Duboc nos vocais; o LP "Onde o olhar não mira", do Bendegó; CDs do Almendra e Arco Íris, bandas de rock argentinas. 
Márcia: Sei que é uma sacanagem pedir uma listinha de álbuns favoritos, mas poderia fazer uma pequena lista com os dez álbuns que considera fundamentais em uma coleção. Lista comentada álbum a álbum, por favor! 
Homem Traça: É sacanagem mesmo, vou sofrer como sofrem as traças ao encontrarem uma prateleira cheia de discos para roer. Por onde começar? Faz de conta que estamos no filme "Alta fidelidade". Vou apresentar sem ordem de importância, pois ficar em dez já é difícil, hierarquizar, então... Aqui estão os meus álbuns de cabeceira mais recorrentes. 
1 - Snegs, Som Nosso de Cada Dia, 1974 - É o melhor e mais original disco de progressivo nacional. Agitei muito a cabeleira em festinhas ao som de Sinal da Paranóia. 
2 - Jóia, Caetano Veloso, 1975 - Um álbum referência dessa ótima fase da música popular brasileira faz par com "Qualquer Coisa". É o disco que me despertou a curiosidade para vários campos de criação musical, para a experimentação, para o rock e para as tradições populares. 
3 - Mutantes e seus cometas no País do Bauret’s, Mutantes, 1972 - Puro rocknroll, em minha opinião, o melhor disco dos Mutantes. 
4 - Dança das cabeças, Egberto Gismonti, 1977 - Esse é o disco que me chama atenção de vez para a música instrumental, brasileira ou não. 
5 - Clube da esquina, Milton e Lô, 1972 - Nesse disco podemos encontrar um ponto comum, uma perfeita reunião, para fazer rock, jazz e música brasileira. Desse disco saem diversas outras produções e produtores referências da música brasileira. 
6 - Houses of the holy, Led Zeppelin, 1973 - Com esse disco aprendi que uma banda de hard rock pode fazer viagem onírica. 
7 - Nursery cryme, Genesis, 1971 - Com esse disco saquei que o progressivo não precisa ser melado. 
8 - O canto dos escravos, Clementina de Jesus, Geraldo Filme e Tia Doca, 1982 - Um registro primoroso da cultura tradicional afrodescendente, esse disco é a minha base para buscar a essência das culturas musicais produzidas pelos povos do Brasil e do mundo. 
9 - Bitches brew, Miles Davis, 1970 - Uma renovação musical. Esse disco me chamou atenção para o jazz, para o jazz-rock e coisas que tais. 
10 - As primeiras obras para piano, Erik Satie, Reinbert de Leeuw, 1975 - Esse disco me ensinou que na música erudita também há espaço para a experimentação e a inovação sem grandes estripulias.