André Geraissati - Cândido Penteado Serra - Ruy Saleme
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Um dia eu quis ser violeiro. Ficava horas tentando ultrapassar meus limites de autodidata. O tempo passou e esqueci quase tudo. Ficaram apenas as lembranças das rodas de vilão na fogueira, as poucas aulas de violão que se transformavam em papos amistosos sobre música com o paciente professor Schuman e a admiração pela música de gente como esta que compôs o D'Alma.
O Grupo D'Alma foi um trio de violonistas formado no final da década de 70 por instrumentistas de formação erudita e influência jazzística (André Geraissaiti, Ulisses Rocha, Rui Salene, Mozart Melo e Cândido Penteado integraram o grupo em momentos diferentes), ganhou a admiração da crítica especializada pelo apuro técnico e interpretativo. O primeiro disco "A quem interessar possa", lançado em 1979, impulsionou a carreira do grupo, que em seguida gravou outros discos e participou de festivais como o Festival Internacional de Jazz de São Paulo (1982) e o Free Jazz Festival (1986).
Eis o segundo LP solo de Ednardo. O nome do disco era para ser "do boi só se perde o berro", com o título diminuído na capa, restou o destaque para a palavra BERRO. Efeito de simplificação por conta da ação dos censores? Longe de ser uma lenda, o fato é que as composições de Ednardo vez ou outra foram alteradas por causa desses ditatoriais "coautores". Berro é uma verdadeira (e merecida) puxada de orelha contra a hegemonia musical exercida pelo eixo Rio-São Paulo. A faixa "Artigo 26" e "Padaria espiritual" são homenagens a um movimento literário que marcou época no Ceará do final do século dezenove. Destacamos "Passeio público", faixa que nos chama a prestar atenção em berros alheios.
Almir – Israel Semente Proibida – Ivson Wanderley – Paulo Raphael – Juliano – Marcio Vip Augusto – Zé Rodrix – Marco Polo
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Esse é o LP de estreia do Ave Sangria, à época formado por Marco Polo (vocais), Ivson Wanderley (guitarra solo e violão), Paulo Raphael (guitarra base, sintetizador, violão, vocal), Almir de Oliveira (baixo), Israel Semente (bateria) e Agrício Noya (percussão). Nesse registro ouvimos o apoio das teclas de Zé Rodrix (Cidade Grande - sintetizador) e Márcio Vip (Momento na praça - piano; Por que? - órgão; Dois Navegantes - sintetizador).
O grupo é um verdadeiro ícone do Rock Brasileiro setentista. Esse LP foi relançado em 1990 e, com impulso que a internet deu trazendo à baila materiais guardados em gavetas obscuras do tempo, não só foi reeditado em 2014, como impulsionou "novos" títulos do grupo em vinil e CD.
"Eles usavam batom, beijavam-se na boca em pleno palco, faziam uma música suja, com letras falando de piratas, moças mortas no cio. E eram muito esquisitos; "frangos", segundo uns, e uma ameaça às moças donzelas da cidade, conforme outros. Estes "maus elementos" faziam parte do Ave Sangria, ex-Tamarineira Village, banda que escandalizou a Recife de 1974, da mesma forma que os Rolling Stones a Londres de dez anos antes. Com efeito, ela era conhecida como os Stones do Nordeste.
"Isto era tudo parte da lenda em torno do Ave Sangria" - explica, 25 anos depois, Rafles, o ministro da informação do grupo. "O baton era mertiolate, que a gente usava para chocar. Não sei de onde surgiu esta história de beijo na boca, a única coisa diferente na turma eram os cabelos e as roupas." Rafles por volta de 68, era o "pirado" de plantão do Recife. Entre suas maluquices está a de enviar, pelo correio, um reforçado baseado, em legítimo papel Colomy, para Paul McCartney. Meses depois, ele recebeu a resposta do Beatle: uma foto autografada como agradecimento.
Foi Rafles quem propôs o nome Tamarineira Village, quando o grupo tomou uma forma definitiva, com a entrada do cantor e letrista Marco Polo. Isto aconteceu depois da I Feira Experimental de Música de Fazenda Nova. Até então, sem nome definido, Almir Oliveira, Lula Martins, Disraeli, Bira, Aparício Meu Amor (sic), Rafles, Tadeu, e Ivson Wanderley eram apenas a banda de apoio de Laílson, hoje cartunista do DP.
Marco Polo, um ex-acadêmico de Direito, foi precoce integrante da geração 65 de poetas recifenses. Com 16 anos, atreveu-se a mostrar seus poemas a Ariano Suassuna e a Cesar Leal. Foi aprovado pelos dois e lançou seu primeiro livro em 66. Em 69, iniciou-se no jornalismo, como repórter do Diário da Noite. Logo ganhou mundo. Em 70, trabalhou por algum tempo no Jornal da Tarde, em São Paulo, mas logo virou hippie, trabalhando como artesão na desbundada praça General Osório, em Ipanema. O primeiro show como Tamarineira Village foi o Fora da Paisagem, depois do festival de Fazenda Nova. Vieram mais dois outros shows, Corpo em Chamas e Concerto Marginal. A partir daí a banda amealhou um público fiel." (Wikipédia)
Zé da Flauta - Paulo Rafael - Antônio Santánna, Wilson Meireles
5 - Tema da Batalha
Paulo Rafael
6 - Fora de Órbia
Paulo Rafael
7 - Entardecer
Paulo Rafael
8 - Zé Piaba
Zé da Flauta
9 - Gôta Serena
Zé da Flauta
Músicos
Zé da Flauta - Paulo Rafael - Antônio Santánna, Wilson Meireles - Israel Semente - Sérgio Kyrillos - Lenine - Niltinho - João Lyra - Beto Saroldi - Chico Batera - Cacá - Adelson - Otonelson - Nenen Xavier - Márcio Miranda - Lula Côrtes - Guil - Luciano Pimentel - Tales
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Zé da Flauta passou pelo Quinteto Violado, está na base dos melhores discos do Alceu Valença ao lado do guitarrista Paulo Rafael. Esse LP, instrumental na maior parte, é uma reunião da cena musical recifense da época. Participam do disco o Lula Côrtes (criador de Paêbirú e Satwa), Luciano Pimentel (baterista Quinteto Violado) e o Lenine (em seus primeiros registros).
O disco é fantástido! Curiosamente, a única faixa não instrumental traz Lenine cantando "Zé Piaba", à la Jacson do Pandeiro. Além disso é muito bacana encontrar a instrumental "Sai uma mista", a primeira gravação do que viria a se chamar "Fé na Perua", cantada por Alceu em seu disco de 1981, o Cinco Sentidos.
12- Mulher nova, bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor (part. de Antônio Nóbrgega)
Otacílio Batista - Zé Ramalho
Músicos
Jorge Degas - Jurim Moreira - Márcio Miranda - Paulo Rafael - Firmino - Alceu Valença - Teca Calazans - João Batista - Zé da Flauta
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Esse é um LP produzido pelo Alceu Valença. Daí um tanto de explicação da presença de Paulo Rafael e Zé da Flauta, guitarrista e flautista de mãos cheias, componentes dos melhores registros do repertório de Alceu durante a década de 1970. Interessante também é a presença de composição da lendária banda Ave Sangria (Dois Navegantes), e da lavra poética e musical de seus componentes Marco Polo, Almir de Oliveira e do, já citado, Paulo Rafael.